O Estado de S. Paulo

32 técnicos e um destino na Rússia

Experiente­s ou estreantes, treinadore­s vão em busca da cobiçada taça e sabem que não é só o tempo no comando que fará diferença

- Ciro Campos ENVIADO ESPECIAL / SOCHI Paulo Favero

Joachim Löw, da Alemanha, e Oscar Tabárez, do Uruguai, são os técnicos que estão há mais tempo no comando de suas seleções para a Copa na Rússia. Ambos assumiram suas equipes em 2006 e estão até hoje. São os treinadore­s mais longevos à frente de uma seleção classifica­da para a disputa. No lado oposto, está Fernando Hierro, que foi anunciado na quarta-feira como novo técnico da Espanha após a demissão de Julen Lopetegui. Tem três dias no cargo.

Claro que apenas a experiênci­a não garante vitória, mas os casos de Uruguai e Alemanha mostram um projeto de longo prazo de suas federações. Löw, por exemplo, era auxiliar de Klinsmann na Copa de 2006 e assumiu o posto logo após o torneio. Desde então, levou o time a ser campeão do mundo em 2014 e ganhou a Copa das Confederaç­ões no ano passado.

Aos 58 anos, Löw vai para seu terceiro Mundial como técnico e sabe que entra como um dos favoritos ao título. O caminho ele já conhece, até pela ótima campanha que fez na edição anterior. E, mesmo vitorioso e com experiênci­a, ele destaca que, numa Copa do Mundo, qualquer resultado pode acontecer.

Löw ficou surpreso com a saída repentina de Lopetegui na Espanha, demitido após esconder da Real Federação Espanhol de Futebol que havia acertado com o Real Madrid semanas depois de renovar com a entidade até 2020, mas garante que isso não tira a força do adversário. “Os jogadores da Espanha sabem como jogar e não acredito que vão perder o bom nível e sua categoria”, explicou.

Outro veterano na Copa da Rússia é Tabárez, o mais velho de todos. Ele esteve nas duas últimas Copas com o Uruguai e ainda comandou a Celeste no Mundial em 1990. Aos 71 anos, experiente, ele promoveu uma renovação no futebol de seu país, ajudando a melhorar a formação de atletas, e agora colhe os frutos com uma equipe renovada principalm­ente no meio.

Tabárez faz parte do grupo de 17 profission­ais que já têm uma participaç­ão em Copa no currículo, seja como técnico ou jogador. Hernán Darío ‘Bolillo’ Gómez, por exemplo, vai para seu terceiro Mundial no comando de uma seleção. Em 1998, esteve à frente da Colômbia. Em 2002, liderou o Equador. E agora vai tentar fazer o Panamá passar de fase em sua estreia na Copa.

Do alto de sua experiênci­a, Bolillo passa muitos conselhos aos seus comandados que pisarão pela primeira vez em um gramado de Copa. “Temos conversado bastante e, nesses momentos, pontuo sobre as grandes diferenças que existem no Mundial. Mais do que a capacidade individual, no futebol é fundamenta­l ter uma boa cabeça, personalid­ade, foco e acreditar”, diz.

No lado oposto desta turma, está Tite, que vai para sua primeira Copa com um friozinho na barriga. O comandante da seleção sabe que lidera um elenco talentoso e experiente internacio­nalmente, mas tem a pressão de minimizar o fiasco de quatro anos atrás do time que ainda tem a marca dos 7 a 1 na pele. Se ficar com a taça, resgata parte da alegria do torcedor.

O treinador brasileiro admite estar bem atrás de colegas quando o tema é conhecimen­to e tempo no cargo na seleção. Tite lamentou diversas vezes que os quase dois anos na função lhe impedem de conhecer a fundo particular­idades e preferênci­as de jogadas dos seus atletas, além de possíveis combinaçõe­s de escalações e de entrosamen­to entre seus escolhidos.

Para compensar essa situação, ele investe em muita conversa. Tite costuma telefonar para os jogadores e trocar mensagens para entender papéis táticos deles em seus clubes e se conseguiri­am reproduzir na seleção função parecida em outro contexto. Em reuniões, ele mostra aos jogadores lances específico­s feitos em seus times e, em cima de exemplos, tenta ganhar tempo para explicar o que deseja deles.

De qualquer maneira, Tite e os outros 31 técnicos têm apenas um objetivo em mente: colocar a mão na taça de campeão ao final da competição. A história já mostrou que tem comandante de primeira viagem que consegue e treinador rodado que cai pelo caminho. No dia 15 de julho, saberemos quem ganhou essa corrida.

Mais do que a capacidade individual, no futebol é fundamenta­l ter uma boa cabeça, foco e acreditar Hernán Gómez TÉCNICO DO PANAMÁ

 ??  ??
 ??  ??
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil