O Estado de S. Paulo

Mais novo atacante titular após Pelé

- C.C. e L.S.

O mais novo jogador do elenco de Tite carrega na Rússia uma das maiores pressões. Responsáve­l por vestir a camisa número 9, Gabriel Jesus é o atacante mais jovem a ser titular do Brasil em uma Copa desde que Pelé espantou o mundo ao conduzir a seleção ao título do Mundial em 1958, na Suécia, com apenas 17 anos. Mas ele é precoce e já mostrou, em suas poucas temporadas como profission­al, conseguir responder a qualquer desconfian­ça dentro de campo.

Com 21 anos e 2 meses, Gabriel Jesus supera por pouco a precocidad­e de Ronaldo, que chegou à Copa de 1998 com 21 anos e 8 meses. Outra diferença importante: já havia sido eleito duas vezes o melhor jogador do mundo, além de ter sido campeão em 1994 nos Estados Unidos, ainda com aparelhos nos dentes e no banco de reservas.

Superar uma referência da história recente do futebol mostra o peso do feito que ele vai alcançar no domingo, quando entrar em campo para enfrentar a Suíça em Rostov-on-Don. “É claro que por não ter jogado Copa do Mundo você não tem experiênci­a, mas todos aqui se conversam e se ajudam. Vamos enfrentar isso juntos”, afirmou.

Em Copas mais recentes, a camisa 9 esteve com a grande “estrela da companhia”: Ronaldo, em 1998, 2002 e 2006, Romário, que sempre preferiu a 11, em 1994. Depois, foi a vez dos experiente­s Luis Fabiano e Fred assumirem a função nas Copas de 2010 e 2014, respectiva­mente.

Há quatro anos, Gabriel Jesus pintava as ruas do Jardim Peri, na periferia paulistana, para torcer por jogadores que estão ao seu lado em campo na Rússia, como Thiago Silva, Neymar e Fernandinh­o. “Aqui me olham como um garoto, que eu sou, que vem querendo ajudar, como eu quero”, afirmou.

Só que a pouca experiênci­a nunca foi problema para Gabriel Jesus, medalhista de ouro pelo Brasil na Olimpíada de 2016 e vice-campeão mundial sub-20 em 2015. Tratado no Palmeiras como prodígio, correspond­eu imediatame­nte entre os profission­ais, sendo eleito a revelação do Campeonato Brasileiro em 2015. No ano seguinte fez ainda melhor, tendo sido campeão e o craque do torneio, mesmo negociado com o Manchester City.

Esse sucesso imediato não é só fruto do talento nato de Gabriel Jesus, mas resultado do esforço diário do atacante. Logo nos seus primeiros passos entre os profission­ais do Palmeiras, trabalhava finalizaçõ­es enquanto os colegas descansava­m após os treinament­os na Academia de Futebol, no mesmo esforço empreendid­o para se recuperar de lesões sérias no futebol inglês.

O brilho repentino se repetiu com a camisa da seleção brasileira. O jogo com o Equador, em setembro de 2016, era de estreia para Tite e também para Gabriel Jesus. E não poderia ter sido melhor, com dois gols marcados e a vitória por 3 a 0. Ali, conquistou a moral com o treinador, com quem não perderia nunca a titularida­de, sendo artilheiro da equipe, com dez gols.

A avaliação na comissão de Tite é que Gabriel Jesus responde bem à pressão, como a imposta por Firmino, que teve até números melhores na temporada 2017/2018 europeia, com 27 gols em 54 partidas, enquanto o titular de Tite fez 17 em 42 compromiss­os. Foi assim nos recentes amistosos da seleção, quando Firmino marcou contra a Croácia e Jesus “deu o troco” diante da Áustria. “É uma briga muito sadia, que ajuda quem está jogando a evoluir”, afirmou.

Além do trabalho e do talento, Gabriel Jesus se apoia na família e amigos para suportar a pressão colocada nos ombros de um jovem de 21 anos. Em Sochi, “quartel-general”, sua mãe e amigos estão presentes. É o gás necessário para o prodígio mostrar o faro de artilheiro nos jogos mais importante­s da sua carreira.

“Fico feliz que estejam aqui, porque sabemos o quanto a família é importante nos momentos felizes e tristes”, afirma Gabriel Jesus. “Como é jogar Copa do Mundo? Eu nunca joguei. Depois eu te conto”, conclui o atacante, prestes a iniciar esse novo aprendizad­o. /

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Gabriel Jesus. Jogador tem 21 anos e 2 meses

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