‘Já passou’, diz Coronel Nunes sobre voto
O coronel Antonio Nunes, presidente da CBF, abriu uma inédita e importante crise diplomática no futebol sul-americano ao não respeitar acordo sobre o voto para a sede da Copa de 2026, com repercussões que começam a ser negativas ao Brasil. O cartola, no entanto, tratou de encerrar o assunto ontem. “Já passou”, disse ao Estado ao entrar no estádio Luzhniki para assistir ao jogo de abertura.
Agora, a Conmebol vai exigir explicações por parte da CBF diante da decisão do presidente de romper um acordo regional e votar pelo Marrocos para sediar a Copa de 2026. As suspeitas de cartolas dos EUA apontam para uma manobra de Marco Polo del Nero, presidente afastado, para “retaliar” os americanos diante do inquérito contra ele nas cortes de Nova York.
Questionado se Nunes se arrependia de sua decisão, o dirigente brasileiro soltou uma gargalhada, enquanto a pessoa que o acompanhava garantiu: “ele até já se esqueceu disso”.
Mas os demais dirigentes do futebol mundial não esqueceram. O Estado revelou que o presidente da Fifa, Gianni Infantino, defendeu o afastamento do coronel do comando da entidade. O tema também foi alvo de conversas numa reunião do Comitê de Ética da Fifa, ontem.
O presidente da Associação de Futebol da Argentina (AFA), Claudio Tapia, contestou a justificativa de Nunes de votar no Marrocos por “simpatia”. “Parece estar mais perto de traição do que simpatia”, disse, durante evento patrocinado pela Conmebol para promover a campanha de Argentina, Uruguai e Paraguai para sediar a Copa de 2030.
Existia um acordo do bloco para que todos os dez votos fossem para a candidatura dos EUA, México e Canadá. Nunes não respeitou o acordo, e a situação abriu uma crise dentro da CBF.
Diante disso, a CBF tentou dar sinais de que o voto de Nunes não era uma posição da entidade. O vice-presidente da CBF, Fernando Sarney, usou um discurso para assegurar que o órgão “sempre vai cooperar com a Conmebol” e pediu que decisões “individuais” não sejam consideradas.