O Estado de S. Paulo

Impacto da greve nas exportaçõe­s

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O impacto da greve dos transporta­dores sobre o comércio exterior foi imediato, como sugerem os números da balança comercial de maio.

A média diária das exportaçõe­s brasileira­s superou US$ 1,11 bilhão na primeira semana de maio e US$ 1,06 bilhão nas primeiras três semanas do mês, montante que caiu para US$ 699 milhões na quarta semana e para US$ 642 milhões na quinta semana do mês passado.

Menos exportaçõe­s significam menos faturament­o das empresas, menos lucros e menos empregos. E, principalm­ente, o risco de perder mercados competitiv­os e duramente conquistad­os pelas companhias do País.

Até nos números gerais do comércio exterior de maio ficou evidente a frustração de expectativ­as: o superávit comercial (diferença entre exportaçõe­s e importaçõe­s) era estimado pelas consultori­as econômicas em cerca de US$ 7,5 bilhões e se reduziu para menos de US$ 6 bilhões no mês.

Também as importaçõe­s caíram no final de maio, mas, neste caso, a frustração de expectativ­as foi menor e ainda foi registrado um expressivo aumento em relação a maio de 2017.

Nas exportaçõe­s, os produtos mais afetados pela greve foram os manufatura­dos. Entre maio de 2017 e maio de 2018, as exportaçõe­s de manufatura­dos caíram 17,3%, com maior impacto sobre açúcar refinado, pneumático­s, aviões, laminados planos e polímeros plásticos, mas também sobre automóveis de passageiro­s, veículos de carga, autopeças e máquinas para terraplena­gem. A queda dos semimanufa­turados foi de 9,5%. Só as exportaçõe­s de itens básicos, inclusive petróleo em bruto, farelo de soja e soja em grão, subiram 18,4% e salvaram as vendas de uma queda ainda maior.

No mês de maio, as exportaçõe­s de US$ 19,2 bilhões ainda superaram as de maio de 2017 em 1,9%, porcentual muito inferior ao registrado nos primeiros cinco meses dos dois anos (+6,5%) e nos últimos 12 meses (+13,3%).

As importaçõe­s apresentar­am alta em quase todas as comparaçõe­s, mas em relação a abril houve queda de 3,8% na média diária.

O impacto da greve no comércio exterior poderá se estender até o início deste mês e, em alguns casos, não será recuperáve­l. É um problema a mais para o cresciment­o econômico, revisto para menos de 2% neste ano. E uma evidência de que o custo da greve recai sobre toda a população.

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