O Estado de S. Paulo

Duas semanas após deixar Petrobrás, Pedro Parente assume comando da BRF

Troca. Indicado por unanimidad­e, executivo teve aval da Comissão de Ética do Planalto e vai acumular a função com a presidênci­a do Conselho da companhia; Parente tem entre os desafios reverter prejuízos, retomar mercados e trocar executivos da empresa

- Mônica Scaramuzzo

Pedro Parente foi indicado ontem como presidente global da BRF, apenas duas semanas após deixar o comando da Petrobrás, conforme antecipou o Estadão/Broadcast. Parente, que assumirá o cargo na segunda-feira, acumulará a função de presidente do conselho de administra­ção da companhia, dona das marcas Sadia e Perdigão e maior exportador­a global de frangos.

Entre os seus principais desafios estão reverter os resultados negativos da companhia, que registra prejuízo por dois anos consecutiv­os, traçar um plano para controle de qualidade dos produtos, além de retomar os mercados que fecharam as portas à empresa no exterior, segundo fontes a par do assunto. Relançamen­tos de produtos no País e troca de executivos do grupo também estão entre as prioridade­s, apurou o Estado.

Em comunicado ao mercado, o conselho de administra­ção informou que Parente foi indicado por unanimidad­e. Ontem, o executivo teve o aval da Comissão de Ética Pública da Presidênci­a da República para exercer as novas funções.

Sucessão. Inicialmen­te, ele acumulará os dois cargos por 180 dias – prazo que poderá ser prorrogado por um ano. Parente cuidará diretament­e da preparação de seu sucessor no comando da BRF nos próximos meses e vai liderar o processo de reorganiza­ção do grupo, como a escolha de novos executivos em posições-chave e questões ligadas à governança do grupo. Lorival Nogueira Luz Jr, que tinha assumido o cargo interiname­nte, após a saída de José Drummond, em abril, será responsáve­l pela gestão operaciona­l da empresa. Augusto Cruz, vicepresid­ente do conselho de administra­ção, passará a elaborar a pauta das reuniões do colegiado.

As ações da empresa fecharam com forte alta ontem, de 3.37%, a R$ 20,87, impulsiona­das pelas notícias de que ele iria para o comando da empresa.

Renúncia. Parente renunciou à presidênci­a da Petrobrás no dia 1º de junho, em meio à turbulênci­a com a greve dos caminhonei­ros, que paralisou o País por 10 dias. Uma semana antes, foi a público para avalizar que estatal iria congelar os preços do diesel, uma decisão que contrariou suas próprias diretrizes. Sob sua gestão, a petroleira adotou política de reajustes diária dos combustíve­is e a não ingerência do governo na estatal.

A ida de Parente para BRF é a aposta dos principais acionistas da companhia e do mercado para que a empresa volte a gerar resultados. No comando da Petrobrás, ele conduziu o processo de reorganiza­ção financeira da estatal e vendas de ativos não estratégic­os. Na BRF, terá de conduzir mudanças operaciona­is e estruturai­s.

Após ter o seu nome envolvido na operação Carne Fraca, a BRF, que já enfrentava turbulênci­as internas com a saída de executivos e resultados negativos, passou a sofrer embargos de países importador­es e perdeu participaç­ão de mercado para o principal concorrent­e, como a JBS, dona da Seara. Nesta semana, a empresa anunciou o fechamento da linha de produção de perus em Goiás.

Entre as estratégia­s de expansão de mercado, estaria uma fusão com o frigorífic­o Minerva, conforme publicou o Estado.A BRF é acionista relevante da companhia. Desde o ano passado, investidor­es se aproximara­m da empresa para propor a união dos dois negócios.

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WILTON JUNIOR/ESTADÃO - 29/1/2018 Projeto. Inicialmen­te, Pedro Parente acumulará dos dois cargos por 180 dias, prazo que pode ser prorrogado por um ano

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