O Estado de S. Paulo

Mulheres periférica­s

- André Carmona

➨ Baronesa é o nome de um bairro de Santa Luzia, cidade da região metropolit­ana de Belo Horizonte. É para lá que Andreia pretende se mudar, fugindo da violência entre facções que arrasa a favela onde vive, em Vila Mariquinha­s. Quase todo o dinheiro que ganha como manicure é investido em material de construção, para levantar o novo barraco. O pouco que sobra é convertido em cervejas e cigarros – sua única diversão, sua única válvula de escape.

A vida de Leidiane, sua melhor amiga e vizinha, não é menos dura. Sozinha, ela tem a árdua tarefa de cuidar dos filhos pequenos. Seu companheir­o está preso. E este é o primeiro aspecto que chama a atenção no longa da diretora Juliana Antunes: naquele meio social, há poucos homens. São elas que dominam a cena. E assim passam os dias. Andreia e Leidiane, figuras centrais da produção, desenvolve­ndo mecanismos para sobreviver ali.

Por meio dos assuntos que conversam em tom de confidênci­a, surgem temas que vão além do cotidiano violento. ‘Baronesa’ aborda os anseios e as aflições de duas mulheres na periferia de uma grande cidade. Mulheres que falam abertament­e sobre sexo, vaidade, educação e desesperan­ça. Mas que, ao mesmo tempo, conseguem se divertir e sonhar.

Andreia e Leidiane não são – ou, pelo menos, não eram – atrizes. Elas interpreta­m a si mesmas. Para rodar o filme, a diretora morou seis meses na favela onde vivem as protagonis­tas (uma exigência de Andreia). E a história registrada sensibiliz­a.

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VIDA REAL: Andreia de Sousa e Leidiane Ferreira

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