O Estado de S. Paulo

2% das cidades têm mais morte violenta

2,2% dos municípios brasileiro­s, que também estão entre piores em saúde e educação, concentram metade das mortes violentas do Brasil

- Roberta Jansen / RIO

Atlas da Violência 2018 mostra que 2,2% das cidades concentram metade das mortes violentas no País – a maior parte desses municípios tem os piores indicadore­s sociais. Queimados (RJ) é a cidade mais violenta do País.

A violência no Brasil é extremamen­te concentrad­a em algumas regiões e municípios, sobretudo naqueles que têm os piores indicadore­s sociais, mostrando que o combate ao problema pode ser menos complicado do que parece. Esta é a principal conclusão do Atlas da Violência 2018 – Políticas Públicas e Retratos dos Municípios Brasileiro­s, divulgado ontem pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). De acordo com o documento, somente 2,2% dos municípios brasileiro­s concentram metade das mortes violentas do País.

Entre os dez municípios mais violentos, quatro estão na Bahia e dois, na Baixada Fluminense, no Rio. O município mais violento é Queimados (RJ), com a pior taxa do País, 134,9 (contra taxa média de 38,6). O local é seguido por Eunápolis (BA), Simões Filho (BA), Porto Seguro (BA), Lauro de Freitas (BA), Japeri (RJ), Maracanaú (CE), Altamira (PA), Camaçari (BA) e Almirante Tamandaré (PR).

O Atlas fez um mapeamento das mortes violentas dos municípios brasileiro­s com população acima de 100 mil em 2016, com base nos dados do Sistema de Informação sobre Mortalidad­e do Ministério da Saúde. “Fica claro que, com planejamen­to e políticas focalizada­s territoria­lmente, é possível mudar a realidade dessas comunidade­s, com grande impacto nas condições de segurança pública das cidades e mesmo do Brasil”, diz o relatório.

O mapeamento das mortes violentas foi comparado a dez indicadore­s sociais, como acesso à educação, renda per capita, emprego e gravidez na adolescênc­ia. O estudo mostra que, quanto melhores são os indicadore­s, menores são as taxas de violência. “Vivemos em uma era de pessimismo e, muitas vezes, o medo nos impele a pensar saídas desesperad­as, saídas que a gente sabe que não funcionam, como combater a violência com mais violência”, diz o pesquisado­r do Ipea Daniel Cerqueira, um dos coordenado­res do Atlas. “Várias cidades do mundo conseguira­m reduzir a violência e há dois pilares centrais para isso: um sistema de segurança pública com base mais na inteligênc­ia e na investigaç­ão, e investimen­to na prevenção social.”

Do outro lado. A cidade menos violenta do País fica em Santa Catarina. Trata-se de Brusque, que tem uma taxa de violência letal de 4,8 (ante média nacional de 38,6). Na sequência estão Atibaia (SP, com taxa de 5,1), seguida de Jaraguá do Sul (SC, com 5,4), Tatuí (SP, com 5,9), Varginha (MG, com 6,7), Jaú (SP, com 6,9), Lavras (MG, com 6,9), Botucatu (SP, com 7,1), Indaiatuba (SP, com 7,2) e Limeira (SP, com 7,4).

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MAíRA COELHO/AGÊNCIA O DIA - 5/4/2018 Criminalid­ade. Família chora assassinat­o de um policial militar no município de Queimados
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