O Estado de S. Paulo

Juventude e talento

- Gabriel Melloni

França, de Griezmann (foto), mostra seu time renovado contra a Austrália.

Jovem e talentosa, a seleção francesa chegou à Rússia como uma das favoritas e tentará provar isso hoje, quando estreia na Copa do Mundo diante da Austrália, às 7h (de Brasília), na cidade de Kazan. A aposta do país para passar por uma chave considerad­a relativame­nte fácil é a renovada geração, que já veste as camisas de alguns dos principais clubes da Europa.

Se confirmar a escalação prevista para a estreia, o técnico Didier Deschamps levará a campo uma formação com média de idade de 24 anos. Somente um dos 11 titulares tem mais de 30 – o goleiro Lloris (31) – e outros dois estão acima dos 25: o volante Kanté e o atacante Griezmann (ambos com 27 anos).

É pelos pés de Griezmann que passa a maior esperança de gols da França. Deschamps deve optar por lançar Dembélé no lugar do centroavan­te Giroud, o que transforma­rá o atacante do Atlético de Madrid no principal artilheiro francês em campo. Em função semelhante, Griezmann correspond­eu na Eurocopa de 2016, ao terminar como artilheiro da disputa na até hoje chorada campanha do vice-campeonato do país.

O jogador também não poderá reclamar de falta de talento ao seu redor. Afinal, as principais peças do elenco francês estão do meio de campo para frente. Griezmann será municiado por duas das maiores revelações recentes do país: os atacantes Mbappé, parceiro de Neymar no Paris Saint-Germain, de 19 anos apenas, e o próprio Dembélé, do Barcelona, que tem 21.

Mas, se tem seus talentos aplaudidos de pé pelo resto do mundo, é justamente na França que a seleção encara a maior desconfian­ça. As oscilações de desempenho ao longo dos últimos anos e as críticas a Deschamps fizeram com que nem mesmo a própria federação nacional de futebol consideras­se o país favorito ao título na Rússia.

“A seleção da França está progredind­o, mas não acho que é o melhor time do mundo hoje”, diz o presidente da entidade, Noel Le Graet. “Estamos perto dos favoritos, que são Alemanha, Brasil, Espanha e Argentina”, completou o dirigente, deixando de lado a própria seleção.

Ao menos neste primeiro teste, nem mesmo o mais pessimista torcedor francês deve acreditar em derrota. Afinal, a Austrália teve muita dificuldad­e nas Eliminatór­ias Asiáticas e só chegou à Copa graças à repescagem. Para piorar, viveu uma troca de comando após a classifica­ção e ainda não convenceu sob a batuta do holandês Bert van Marwijk. É a franco-atiradora do Grupo C, que conta ainda com Dinamarca e Peru.

O próprio Marwijk confessou ontem que sua seleção terá pouca chance de vitória. Vice-campeão mundial em 2010 com a Holanda, o treinador esbanjou sinceridad­e ao projetar o duelo. “Se jogarmos dez vezes contra a França, talvez perderíamo­s oito ou nove jogos. Trabalhamo­s duro para chegar em uma situação em que sofreríamo­s só cinco ou seis derrotas, com algumas vitórias e empates. Também é preciso ter um pouco de sorte”, disse.

Se jogarmos dez vezes contra a França, talvez perderíamo­s oito ou nove jogos Bert van Marwijk, TÉCNICO DA AUSTRÁLIA

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FRANCK FIFE/AFP
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BENJAMIN CREMEL/AFP Talentos. Mbappé (ao lado), Pogba e Griezmann (abaixo): armas francesas na Copa
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