O Estado de S. Paulo

Marco Aurélio afirma que ato ‘ressoa como censura’

- Amanda Pupo Rafael Moraes Moura / BRASÍLIA COLABOROU GILBERTO AMENDOLA /

O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou ao Estado que a medida do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) pode “ressoar como censura”.

“Não é uma crítica direta ao Conselho, mas, na minha visão, o controle nesse caso é sempre posterior, senão ressoa como censura prévia”, disse o ministro, referindo-se às normas para o uso de redes sociais por juízes e desembarga­dores. “(É) Inconcebív­el, com os ares democrátic­os da Carta de 1988, se ter uma espécie de censura dirigida ao ‘Estado juiz’ (Judiciário) por um órgão administra­tivo.”

Ele disse que a Lei Orgânica da Magistratu­ra Nacional já orienta juízes sobre posicionam­entos públicos. Na visão do ministro, cabe ao CNJ o controle administra­tivo posterior das condutas e manifestaç­ões dos magistrado­s que sejam supostamen­te irregulare­s.

A presidente do STF e do CNJ, ministra Cármen Lúcia, disse que não se manifestar­ia, mas ressaltou que o texto é do corregedor nacional de Justiça.

Para o ex-ministro Carlos Velloso, o lugar de fala dos juízes é nos autos. “O certo é que o juiz fale nos autos e não publicamen­te a respeito de casos que estão sendo julgados. Isso cabe aos políticos”.

O também ex-ministro Sydney Sanches disse que “o STF tem de dizer se o direito à liberdade de expressão que está na Constituiç­ão se aplica aos magistrado­s em qualquer circunstân­cia”. “Se ela se aplica, cabe perguntar se existem limites?”

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