O Estado de S. Paulo

Embaixador sul-coreano acredita em Kim

Para diplomata, regime norte-coreano concluiu que arsenal nuclear não é a melhor forma de garantir sua segurança

- Lu Aiko Otta / BRASÍLIA

Em meio à desconfian­ça sobre a real intenção do ditador norte-coreano, Kim Jong-un, de destruir seu arsenal nuclear, há otimistas que veem hoje circunstân­cias diferentes das existentes em outras negociaçõe­s fracassada­s.

É o caso do embaixador sulcoreano no Brasil, Kim Chanwoo. Ele acredita nas promessas de eliminação do arsenal nuclear pela Coreia do Norte porque o regime buscaria uma normalizaç­ão de suas relações com o mundo. “Imaginamos que hoje ele vislumbre que a manutenção de armas nucleares não é a melhor forma de se assegurar no cenário internacio­nal”, disse ao Estado.

“A Coreia do Norte precisa buscar a normalidad­e de suas relações com todos os países”, comentou. Por essa razão, Kim teria concordado em encontrar com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na última terça-feira, em Cingapura. “Não é possível postergar indefinida­mente essa situação anormal em que está há 70 anos, de divisão e conflito com os Estados Unidos.”

Pelo mesmo motivo, Kim havia se encontrado com o presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, em abril, e já naquela ocasião prometido a destruição das armas nucleares. No momento, as duas Coreias trabalham para um acordo de paz definitivo. Neste ano, pretendem discutir o armistício que, em 1953, apenas suspendeu a guerra entre os dois países.

“A desnuclear­ização da Península Coreana é o principal objetivo”, afirmou o diplomata, ao comentar aquilo que, segundo observador­es, poderia ser um ponto de ressalva de Seul ao acordo entre Trump e Kim: a promessa dos EUA de suspender os exercícios militares na Coreia do Sul. Isso porque a presença americana funciona como um “guarda-chuva” de segurança.

O acordo entre Trump e Kim merece crédito, apesar da imprevisib­ilidade do comportame­nto de ambos os líderes, porque foi assinado num encontro que teve toda a comunidade internacio­nal como testemunha, diz o diplomata. “À parte a personalid­ade do presidente Trump – e também do presidente Kim, que em termos de personalid­ade não é muito diferente –, o que podemos verificar é que os dois tiveram uma coragem muito grande para tomar esse passo”, avaliou Kim Chan-woo.

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DIDA SAMPAIO/ESTADAO Otimista. Diplomata Chan-woo vê circunstân­cias diferentes

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