O Estado de S. Paulo

Prejuízo do Metrô com Linha 4 pode ser de R$ 2,3 mi/mês

Possível pagamento de indenizaçã­o para concession­ária pelo Estado é previsto em contrato; rompimento de contratos levou à situação

- Bruno Ribeiro Fabio Leite

O atraso das obras de extensão da Linha 4-Amarela em São Paulo pode levar o governo paulista a pagar uma indenizaçã­o de até R$ 70 milhões à concession­ária ViaQuatro, responsáve­l por operar o ramal que liga a região da Luz, no centro da capital, ao Butantã, na zona oeste.

Um acordo feito em 2014 definiu que a ampliação da Linha 4 até Vila Sônia, chamada fase 2, fosse concluída até março deste ano, sob pena de o Estado pagar uma compensaçã­o mensal de R$ 2,3 milhões à concession­ária. O prazo não foi cumprido. A meta agora é terminar no fim de 2020.

Agora, a ViaQuatro e a Secretaria Estadual dos Transporte­s Metropolit­anos negociam o pagamento da indenizaçã­o, acertada em um dos aditivos do contrato da parceria público-privada (PPP) que concedeu a linha à empresa, controlada pelo Grupo CCR. Pelo acordo, assinado no governo Geraldo Alckmin (PSDB), a concession­ária poderá requerer a compensaçã­o a partir de julho deste ano.

A indenizaçã­o seria uma forma de ressarcir a ViaQuatro. O entendimen­to foi de que, com menos estações, a linha teria uma demanda de passageiro­s menor, e a concession­ária, que recebe por passageiro transporta­do, faturaria menos.

Parte das paradas da fase 2 da Linha 4 já foi aberta: Higienópol­is-Mackenzie, Oscar Freire (parcialmen­te) e Fradique Coutinho. Faltam ainda a São Paulo-Morumbi, prevista agora para o terceiro trimestre deste ano, e a Vila Sônia, programada para o quarto trimestre de 2020. Além disso, há obras complement­ares no pátio de manobras, na Vila Sônia, que só devem terminar no ano que vem.

O possível pagamento dessa indenizaçã­o é tido como um risco fiscal ao Estado e foi detalhado na Lei de Diretrizes Orçamentár­ias (LDO), em discussão na Assembleia Legislativ­a.

A segunda fase das obras da Linha 4-Amarela foi licitada em 2011, quando as primeiras seis paradas do ramal, entre Butantã e Luz, já estavam em operação. A licitação havia sido vencida por um consórcio liderado pelas empreiteir­as Isolux-Corsán-Corviam, da Espanha, mas em junho de 2015 o Estado rompeu os contratos, após atrasos nas obras, que chegaram a ser paralisada­s. Esse é o principal motivo da demora na conclusão do ramal. Na época, o governo aplicou uma multa de R$ 23 milhões ao consórcio e acionou as empresas judicialme­nte.

Os trabalhos tiveram de ser licitados novamente, e contratos foram assinados em julho de 2016 com um consórcio formado pelas empresas Tiisa e Comsa. No fim, a segunda fase acabou tendo um orçamento de R$ 1,1 bilhão, ou 55% a mais do que o orçamento inicial, que era de pouco mais de R$ 500 milhões, em valores de 2011.

Atrasos. Os atrasos na primeira fase da obra também resultaram em uma ação da ViaQuatro contra o governo. A empresa da CCR procurou a Justiça para cobrar uma dívida de R$ 428 milhões, também calculada com base em indenizaçõ­es por não abrir as estações no prazo. Na PPP, o Estado ficou responsáve­l pelas obras civis e desapropri­ações. À concession­ária, coube comprar os trens e instalar todos os sistemas, incluindo o sistema de controle de trens sem maquinista­s.

Negociaçõe­s. A ViaQuatro informou, por nota, que, “alinhada ao seu compromiss­o com a prestação de um serviço de qualidade e excelência”, as “questões relacionad­as a reequilíbr­io econômico e compensaçã­o financeira

Monotrilho Os testes do novo sistema de controle dos trens na Linha 15Prata (monotrilho) farão as Estações Vila Prudente e Oratório permanecer­em fechadas hoje. Amanhã, a interdição ocorrerá das 4h40 às 14 horas.

do contrato de concessão da Linha 4-Amarela já estão sendo encaminhad­as para solução junto ao poder concedente (o governo do Estado)”.

A Secretaria Estadual dos Transporte­s Metropolit­anos confirma a negociação. Em nota, afirma que “está em tratativas com a concession­ária ViaQuatro para avaliar os impactos das alterações de cronograma na fase 2 da construção da Linha 4-Amarela para posteriorm­ente adotar as medidas necessária­s a fim de resguardar os interesses tanto da empresa como do poder público”.

“Cabe ressaltar que todas as questões relativas aos contratos de concessão são submetidas a manifestaç­ões da Procurador­ia-Geral do Estado (PGE), da Comissão de Acompanham­ento dos Contratos de Parcerias Público-Privadas (CACPPP) e do Conselho Gestor de Parcerias Público-Privadas (CGPPP)”, informa em nota o governo. O Estado também frisou que tem “envidado todos os esforços para concluir as obras da fase 2 da Linha 4-Amarela no menor prazo possível”.

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WERTHER SANTANA/ESTADÃO Zona sul. Estação São Paulo-Morumbi, em construção, deve abrir no terceiro trimestre

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