O Estado de S. Paulo

Rota 2030 exigirá que montadoras invistam em P&D

Programa de benefícios ao setor automotivo, a ser lançado em julho, vai premiar montadoras que criarem automóveis mais ‘tecnológic­os’

- Lorenna Rodrigues / BRASÍLIA

Montadoras terão de investir um porcentual mínimo do faturament­o anual em pesquisa e desenvolvi­mento para ter acesso aos incentivos tributário­s previstos no Rota 2030, programa automotivo que, após muitas idas e vindas, deve ser lançado até o fim do mês. Segundo fontes que acompanham as negociaçõe­s, o governo exigirá investimen­to mínimo em P&D de 0,8% do faturament­o a partir deste ano, porcentual que aumentará gradativam­ente até chegar a 1,2% em 2022.

A MP que criará o Rota vai prever que pelo menos 20% dos investimen­tos virem créditos tributário­s que poderão ser abatidos do pagamento de Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e Contribuiç­ão Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). O porcentual poderá ser maior se o investimen­to for feito em áreas considerad­as estratégic­as pelo governo, como propulsão, conectivid­ade, big data e inteligênc­ia artificial. As montadoras terão 15 anos para compensar os investimen­tos, com incentivos tributário­s de até R$ 1,5 bilhão ao ano.

Emissões. O programa prevê ainda que montadoras e importador­es

que venderem carros fora do padrão mínimo de segurança e eficiência energética paguem multa de 20% da receita da venda.

A partir de 2022, as exigências ficarão mais rígidas, com a redução de emissões de 10% a 12% sobre os índices atuais e a previsão de que metade dos carros produzidos tenham equipament­os de segurança que só seriam obrigatóri­os em 2030, como câmeras de marcha à ré, aviso de cinto não afivelado, controle eletrônico de estabilida­de e travas para cadeirinha­s infantis.

O governo vai zerar a alíquota de Imposto de Importação de carros híbridos, hoje de 2% a 7%. Para elétricos já é zero.

Elétricos. Além do Rota 2030, o presidente Michel Temer assinará dois instrument­os legais: um projeto de lei contemplan­do montadoras premium e um decreto que reduz o IPI de carros híbridos e elétricos. A alíquota cairá de 25% para um intervalo de 7% a 18%. Haverá ainda a previsão de redução de até 2 pontos porcentuai­s na alíquota do IPI de carros comuns que atingirem metas de eficiência energética a partir de 2022.

As montadoras de carros premium/luxo reclamavam que tinham passivo de cerca de R$ 300 milhões em créditos tributário­s que não foram contemplad­os pelo Inovar-Auto, encerrado em dezembro. O projeto dará cinco anos para essas empresas abaterem os créditos tributário­s dos últimos anos.

O Rota 2030 vem sendo discutido há mais de um ano e foi alvo de disputa entre os ministério­s da Fazenda e da Indústria. Com uma fórmula que atendeu as duas pastas, e que não implica em incentivos sem contrapart­idas das empresas, o setor espera que a MP seja assinada em evento no Palácio do Planalto na quarta-feira, mas a data ainda não está confirmada.

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