O Estado de S. Paulo

E a Argentina só empata

Messi perde pênalti e jogo com Islândia fica em 1 a 1.

- Glauco de Pierri ENVIADO ESPECIAL / MOSCOU

Nem mesmo o diretor de cinema Hannes Halldorsso­n poderia ter escrito um roteiro melhor para o goleiro Hannes Halldorsso­n na primeira participaç­ão de seu país, a Islândia, em uma Copa do Mundo. Aos 19 do segundo tempo da partida da sua seleção com a Argentina, o jogador e cineasta defendeu um pênalti cobrado por Lionel Messi, eleito cinco vezes o melhor jogador do planeta. O filme da vida do goleiro teve então o seu final feliz.

Halldorsso­n começou sua carreira internacio­nal no cinema em 2011. Um ano depois, dirigiu o vídeo da Islândia para o Festival Eurovisão de música e, em 2016, ajudou seu país na Eurocopa (quando os “vikings” se apresentar­am ao mundo da bola). Na campanha nas Eliminatór­ias para a Copa, quando o time se classifico­u sem depender nem da repescagem, também estava lá fazendo seu trabalho no gol.

Mas não poderia imaginar que no filme de sua própria vida no futebol, ele estaria frente a frente com Messi numa cobrança de pênalti. E que levaria a melhor. Messi, o personagem principal da trama, ficou arrasado. “Não conseguimo­s ganhar a partida e marcar os três pontos. Mas acredito que merecíamos ganhar. O pênalti nos colocaria na frente”, lamentou o craque. Ele assumiu a responsabi­lidade pelo primeiro empate da Argentina na Copa.

Voltando ao “play”, Halldorsso­n, de 34 anos, é mais um dos grandalhõe­s de sua seleção. Com 1,94 m, sua envergadur­a é grande. Ele nem sequer teve dificuldad­e para defender a cobrança de um dos melhores jogadores do mundo. O goleiro e seus amigos formam um time conciso, que atua da forma como manda o treinador Heimir Hallgrimss­on (ele também tem outra profissão e faz questão de afirmar que nunca deixará de ser um bom dentista).

O chefe defende marcação individual e coletiva, e foi assim que conseguiu frear Messi. O craque não jogou mal – foi o único inspirado em tarde ruim de sua seleção. Mas não foi genial, como em outras vezes, e isso acabou pesando contra a Argentina.

Antes da defesa que marcará sua carreira para sempre, o goleiro da Islândia assistiu sua pequena torcida cantar no Spartak, em Moscou. Ele fez frente aos argentinos, em maior número, e com Maradona e seu charuto na arena. A “hinchada” de nossos vizinhos é pesada, veio à Rússia em grande número, mas em determinad­as partes do jogo nem ela se aguenta de tanta ansiedade.

Ritmo.

O primeiro tempo começou acelerado, com a Islândia perdendo gol. Houve um gol de casa lado. Depois disso, a Argentina esmagou o rival na maior parte do tempo, empurrando seus atletas para dentro de sua área. A Islândia, já se sabia, não seria um rival fácil, embora esteja em sua primeira participaç­ão em Copa. E não foi. A Argentina tentou ultrapassa­r a barreira islandesa, mas não conseguiu. A marcação era muito forte e boa. Nem com 72% de posse de bola durante toda a disputa a equipe sul-americana criou chance real de gol.

Essas ocasiões até apareceram, mas em casualidad­es, como no finzinho, em cruzamento rasteiro. Aquela bola quase enganou o goleiro nórdico.

Hallsorsso­n continuou sua atuação como se estivesse num desses filmes que levam multidões aos cinemas. Ele impediu que os argentinos começassem bem a Copa do Mundo.

Sampaoli.

Messi sentiu novamente uma Argentina em suas costas. O técnico Sampaoli tratou de ajudá-lo a carregar o país na Rússia. “O comprometi­mento do Leo está intacto. As circunstân­cias do pênalti perdido são apenas outra estatístic­a, é já parte do passado. Futebol é assim”, disse, na tentativa de minimizar a dor e fazer com que seu principal atleta levante a cabeça como já fez tantas outras vezes. Quatro anos atrás, no Maracanã, Rio, Messi ajudava a Argentina a ganhar da Bósnia por 1 a 0.

“Precisamos nos fortalecer e acreditar em nós mesmos, pensar que temos todas as armar para vencer qualquer um na competição. O grupo está muito motivado e com muita energia. A competição acabou de começar. Vamos nos fortalecer para o próximo confronto”, disse Sampaoli.

A Argentina volta a campo na quinta-feira, contra a Croácia, que ontem ganhou da Nigéria por 2 a 0 e lidera o seu grupo. Messi e seus companheir­os precisam ganhar essa partida.

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ALBERT GEA/REUTERS Pressão. Halldersso­n defendeu chute do astro do Barcelona e placar ficou em 1 a 1
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