O Estado de S. Paulo

Candidatos a governador do PT podem ficar isolado em 8 Estados

Em SP, RJ, RS, PR, SC e MS, candidatos petistas não fecham alianças; em MT e DF, partido não lançou nomes

- Ricardo Galhardo

Levantamen­to feito pelo Estado com dirigentes nacionais e estaduais do PT mostra que o partido pode ficar isolado nas disputas por governos em ao menos oito das 27 unidades da Federação, que somam quase a metade do eleitorado brasileiro.

Luiz Marinho, em São Paulo; Marcia Tiburi, no Rio; Miguel Rossetto, no Rio Grande do Sul; Dr. Rosinha, no Paraná; Décio Lima, em Santa Catarina e Humberto Amaducci, no Mato Grosso do Sul, até agora não conseguira­m apoio de nenhuma outra sigla. No Mato Grosso e no Distrito Federal, o PT não definiu nomes até o momento, mas a tendência também é de isolamento.

Juntas, estas unidades federativa­s representa­m 70,9 milhões de eleitores ou 49,3% do total de brasileiro­s aptos a votar no dia 7 de outubro.

Dirigentes petistas dizem que o isolamento é inédito desde a década de 1980, quando o PT ainda era um coadjuvant­e nas disputas eleitorais e tinha postura restritiva em relação à política de alianças.

Segundo líderes petistas, a situação é um resquício da série de tombos que o partido levou desde as manifestaç­ões de junho de 2013, passando pela Operação Lava Jato, o impeachmen­t da presidente cassada Dilma Rousseff e culminando com a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado no caso do triplex do Guarujá (SP).

Além disso, o cenário nos Estados onde os petistas estão isolados repete o quadro nacional. Decidido a manter até o fim a candidatur­a de Lula, mesmo condenado em segunda instância e preso em Curitiba, o PT ainda não conseguiu fechar uma aliança nem sequer para a disputa presidenci­al. Em 2014, a coligação que reelegeu Dilma tinha nove legendas.

“O debate sobre alianças ainda está em curso e há tempo para aumentar as nossas coligações”, disse o deputado Paulo Teixeira (SP), um dos vice-presidente­s do PT e integrante da Comissão Eleitoral do partido. “As possibilid­ades de apoio é um ativo político. Por isso ninguém quer revelar as conversas que teve”, completou.

De acordo com Teixeira, vários partidos têm manifestad­o interesse no apoio do PT, principalm­ente por causa do tempo de TV (a sigla tem a maior bancada da Câmara) e da liderança de Lula nas pesquisas, mas o calendário eleitoral que permite definições até o início de agosto tem atrasado as definições.

O isolamento é maior na Região Sul, onde a onda antipetist­a, iniciada em 2013, teve mais força. No Rio Grande do Sul, Estado governado duas vezes pelo PT, o ex-ministro Rossetto é pré-candidato a governador em uma chapa “puro-sangue”.

“O quadro no Estado é muito dependente do cenário nacional que está muito complexo”, disse o vice-presidente do PTRS, Carlos Pestana. “Não é só o PT. O MDB, PSDB e (Jair) Bolsonaro também”, completou.

O partido que governou o País por 13 anos deve lançar 16 candidatos a governador neste ano, um a menos do que nas eleições de 2014, quando o PT teve 17 candidatos e elegeu cinco (MG. BA, CE, PI e AC).

No quadro atual, o PSB, com quem o PT tenta uma aliança nacional, é o principal parceiro e deve receber apoio petista em ao menos 12 Estados (AM, AP, ES, PB, SE, RO e TO). Por outro lado, o PT espera ser retribuído em outros cinco: BA, CE, AC, PI e GO. Em Minas Gerais e Pernambuco, onde o petista Fernando Pimentel e Paulo Câmara (PSB) tentam se reeleger, ainda não há definição.

Em Minas, o PT acena com a vaga de vice na chapa presidenci­al ao ex-prefeito de Belo Horizonte Márcio Lacerda (PSB), que insiste em manter a précandida­tura ao governo.

No fim de semana passada, a Executiva nacional petista aprovou o adiamento do calendário de encontros estaduais para ganhar tempo em Pernambuco, onde a vereadora Marília Arraes busca a candidatur­a própria, e tentar convencer o partido a apoiar Câmara. O objetivo é garantir uma aliança com o PSB em nível nacional.

No entanto, líderes do PSB têm dito que a estratégia petista de manter o nome de Lula atrapalha o entendimen­to. Em entrevista ao Estado, o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, disse preferir o exprefeito Fernando Haddad.

PCdoB. Com o PCdoB, outro aliado histórico, o PT negocia alianças em nove Estados (MG, BA, CE, PI, AC, MA, GO, RN e PA). Além disso, o PT deve apoiar Renan Filho (MDB) em Alagoas e Belivaldo Filho (PSD) em Sergipe.

Apesar do isolamento em unidades regionais, o PT espera manter ou até aumentar o número de governador­es. Em quatro dos cinco Estados governados pelo partido, o candidato petista é favorito (Minas é a exceção). O partido tem grandes esperanças de eleger a senadora Fátima Cleide no Rio Grande do Norte.

“O debate sobre alianças ainda está em curso e há tempo para aumentar” Paulo Teixeira, vice-presidente nacional do PT

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NILTON FUKUDA/ESTADÃO-5/4/2018

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