O Estado de S. Paulo

Empresário­s defendem apoio a Alckmin

Em jantar na casa do dono do grupo Cosan, Temer se compromete­u a buscar a união das forças de centro em torno da candidatur­a tucana

- Sônia Racy Mônica Scaramuzzo

Empresário­s e banqueiros jantaram, sexta-feira, na casa de Rubens Ometto Silveira Mello, dono do grupo Cosan. A reunião foi marcada a pedido do presidente Michel Temer, que levou o ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, para falar sobre economia. No cardápio, além de um bem servido bacalhau, também estava um assunto ainda indigesto: as incertezas políticas. O nome de Geraldo Alckmin (PSDB) foi amplamente defendido na mesa para ser o candidato do governo para as eleições deste ano, apurou o Estado.

No petit comité reunido em um condomínio de luxo na Cidade Jardim, estavam grandes banqueiros – Luiz Carlos Trabuco Cappi (Bradesco), Roberto Setúbal (Itaú), Sérgio Rial (Santander), André Esteves (BTG) e José Olympio Pereira (Credit Suisse) –, além pesos pesados da indústria: Pedro Wongtschow­ski (grupo Ultra), Walter Schalka (Suzano), José Roberto Ermírio de Moraes (Votorantim), Gustavo Junqueira (Sociedade Rural Brasileira), Paulo Malzoni (Shopping West Plaza) e Waldemir Verdi (Rodobens).

Durante o jantar, que começou às 20 horas, Temer começou falando das importante­s reformas conduzidas pelo seu governo – Teto dos Gastos e trabalhist­a –, mas foi cobrado pelos que estavam à sua volta sobre a falta de celeridade de outras também importante­s, como a da Previdênci­a e a tributária. Guardia saiu em defesa do “legado Temer” e disse que vai procurar a equipe econômica dos principais pré-candidatos à Presidênci­a da República para falar da turbulênci­a atual, que é a alta volatilida­de do câmbio.

Receio. Embora a política não estivesse previsto no prato principal, os convidados cobraram abertament­e de Temer o apoio do governo para alavancar a candidatur­a do ex-governador de São Paulo, que ainda não despontou nas pesquisas para a corrida eleitoral. Temer teria se comprometi­do ali, segundo pessoas ouvidas pelo Estado, a se empenhar para unir o centrão em torno de um só candidato: Geraldo Alckmin.

A tensão maior entre os presentes é uma disputa direta entre Jair Bolsonaro (PSL) e Ciro Gomes (PDT). A pré-candidata Marina Silva (Rede) foi citada como uma opção, mas não obteve muito apoio. Mas o que causou estranheza mesmo foi o fato de o ex-ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, até o momento candidato com apoio do presidente, nem sequer ter sido citado nas conversas como opção forte entre os presentes, afirmaram fontes que preferiram não se identifica­r.

Parte dos convidados chegou a defender que pré-candidatos, como o empresário Flávio Rocha (PRB) e João Amôedo (Partido Novo), abram mão de suas candidatur­as para que possam se unir em torno de Alckmin.

As recentes turbulênci­as externas, que provocaram volatilida­de no câmbio, e a greve dos caminhonei­ros, que mostrou a fragilidad­e do governo na condução desta crise, estão entre as preocupaçõ­es de banqueiros e empresário­s nas urnas. O temor é que a falta de união para um candidato de centro-direita impulsione os votos para Bolsonaro e Ciro Gomes, que não têm o apoio aberto do mercado.

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