Dá para confiar na Copa do presidente Vladimir Putin?
Não bastassem as denúncias que pairam sobre a escolha da sede pela Fifa, sobre a construção de estádios e obras de infraestrutura, a Copa da Rússia é agora assombrada pelo espectro da corrupção nos próprios jogos, em especial os do time da casa. Apostadores profissionais evitam apostar em jogos da seleção russa, disse à TV australiana ABC Mark Philips, diretor da consultoria Global Sport Integrity (GSI). O salvadorenho Hector Silva Ávalos, da American University, chama a atenção para a importância da Copa para a propaganda de Vladimir Putin. “É importante para ele cimentar a popularidade e reivindicar conquistas”, afirmou Ávalos ao site Insight Crime depois da goleada russa sobre a Arábia Saudita.
É difícil comprovar a compra de juízes ou jogadores – um caso raro, desmascarado em 2013, envolve
a eliminação de El Salvador da Copa do Brasil. Mas é possível estimar, por padrões nos mercados de apostas, a probabilidade de que um resultado tenha sido influenciado por fatores externos ao gramado, sobretudo pelo crime organizado, interessado nas apostas para lavar dinheiro.
A consultoria Sportradar identificou, entre 2015 e agosto de 2017, 1.457 disputas suspeitas. A maioria em esportes mais sujeitos à manipulação, como tênis ou críquete. Mas o futebol tem sido visado, à razão de quatro jogos suspeitos a cada mil. Em 2016, a Justiça europeia baniu da Liga dos Campeões o KS Skenderbeu, campeão albanês, com base na análise da Sportradar. O escândalo do doping, em 2014, mostrou que Putin não tem pudor em recorrer a fraudes mirabolantes para atingir seus objetivos. Perto do que aconteceu na Olimpíada de Sochi, comprar um goleiro ou juiz é trivial.