O Estado de S. Paulo

Faltaram testes contra europeus?

Brasil jogou apenas oito vezes com times do continente que é a maior potência do futebol

- Ciro Campos ENVIADO ESPECIAL / ROSTOV

O caminho do Brasil do vexame na última Copa até a estreia na Rússia deixou uma possível lacuna de experiênci­a na formação e maturação deste grupo. A equipe estreia hoje no Mundial contra a Suíça, em Rostov, com pouquíssim­os testes feitos contra seleções europeias ao longo deste ciclo de quatro anos de preparação. Foram oito encontros nesse período, a menor quantidade em mais de meio século.

Depois da Copa disputada em casa, o Brasil mediu forças poucas vezes com o continente que é a principal potência no futebol. Foram três amistosos ainda sob o comando de Dunga, depois de dois anos de intervalo até a equipe, já sob o comando de Tite, realizar outros cinco encontros. Na história recente, somente no ciclo de preparação para 1962, no Chile, o Brasil foi à uma Copa do Mundo com tão poucos jogos contra europeus. Naquela ocasião, foram apenas dois.

Para a Copa de 2014, a seleção brasileira conseguiu medir forças mais vezes contra times do velho continente. Foram 19 encontros ao longo do ciclo de quatro anos de preparação, parte deles pela Copa das Confederaç­ões, em 2013. Na rota para a África do Sul, em 2010, a quantidade foi parecida, 14, mesmo número obtido ao longo do trabalho para o Mundial de 2002, o último conquistad­o pelo Brasil.

O técnico Tite reconhece a falta de bagagem. Uma das preocupaçõ­es do treinador ao assumir o cargo foi conseguir marcar amistosos contra equipes europeias, justamente para propiciar aos jogadores mais testes. A ocasião só se concretizo­u depois de mais de um ano de gestão do treinador. A equipe tinha ido muito bem nas Eliminatór­ias até enfrentar dificuldad­es no empate sem gols no amistoso com a Inglaterra.

Cartão amarelo.

A partida ligou um sinal de alerta. Faltava, na época, menos de um ano para a Copa, poucas datas disponívei­s para amistosos até a estreia no Mundial e o sorteio acabou por colocar dois europeus (Suíça e Sérvia) como adversário­s logo na fase de grupos. A solução foi tentar adaptar a preparação aos pontos fortes que os rivais da etapa inicial podem oferecer.

“A gente sabe as dificuldad­es que vamos enfrentar. Jogamos com adversário­s de diferentes sistemas, depois de alguns jogos enfrentamo­s times com linha de cinco na defesa. Houve um empate com a Inglaterra e tivemos dificuldad­e no início para passar pela marcação, depois nos adaptamos”, afirmou o volante Paulinho.

Para minimizar a falta de bagagem, o técnico Tite pediu para a CBF marcar os amistosos pré-Copa contra oponentes europeus tradiciona­is. Pela primeira

vez na história a seleção brasileira enfrentou nesse período de preparação uma outra seleção classifica­da ao Mundial, a Croácia, e antes de embarcar para a Rússia, passou ainda por Viena para encarar a Áustria. Em Copas anteriores, os jogos nesse período prévio ao Mundial eram com seleções mais fracas.

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EDUARDO NICOLAU/ESTADÃO Seleção treina em Rostov, antes de partida contra Suíça Preparada?

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