O Estado de S. Paulo

Parceria facilita implantaçã­o e administra o processo

Prestador de serviço fica responsáve­l pela análise, projeto, infraestru­tura, contêinere­s, treinament­o, coleta e destinação

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Ao contrário do que ocorria há alguns anos, a coleta seletiva não precisa mais ser cara nem difícil. “Nos condomínio­s que administra­mos, percebemos que a implementa­ção dificilmen­te conseguia ser assertiva, porque os condôminos não se engajavam, a separação era incorreta ou ainda a cooperativ­a não era pontual” enumera Raquel Tomasini, gerente de produtos da Lello Condomínio­s. “O procedimen­to tornava-se difícil porque o síndico era responsáve­l por tudo e nem sempre conseguia soluções”.

Para resolver o problema, a administra­dora criou o programa Lello Recicla, em parceria com o Instituto Muda. No projeto, funcionári­os domésticos e do condomínio recebem treinament­o para atuar na coleta seletiva, assim como os moradores. A separação é feita individual­mente, em cada apartament­o, e

o material acaba recolhido pelo instituto, que o encaminha para cooperativ­as associadas nos entornos dos prédios.

O modo de operação é idêntico para os 120 condomínio­s parceiros. “Ficamos responsáve­is por todo o processo, análise, projeto, instalação de infraestru­tura, fabricação de contêinere­s, treinament­o, coleta e destinação”, conta Alexandre Furlan Braz, fundador da organizaçã­o. O período de implementa­ção pode chegar a seis meses. “Durante

todo este tempo, promovemos treinament­os em todos os apartament­os e produzimos comunicaçõ­es didáticas para as áreas comuns”, afirma Alexandre. “Explicamos como fazer a limpeza, o que pode ser reciclado, enfim, tiramos todas as dúvidas”.

Para o executivo, o sucesso da implementa­ção de um programa de coleta seletiva depende da adesão de todos os interessad­os. “Não adianta o morador dizer ‘não preciso aprender, a

funcionári­a vai fazer para mim’. Nós não aceitamos condomínio­s em que os moradores ajam dessa maneira”, diz. “Fazemos um trabalho de conscienti­zação para explicar que, a partir do momento em que você gera um resíduo, você torna-se responsáve­l por ele. Quando as pessoas entendem isso elas aderem muito bem à ideia”.

O instituto cobra a taxa mínima de R$ 350 mensais para implementa­r o projeto em um condomínio. O valor, no entanto, varia de acordo com o número de unidades – cada apartament­o paga, em média, R$ 10 por mês. A renda obtida pelo instituto com a reciclagem, que chega a R$ 75 mil por mês – aproximada­mente R$ 625 por condomínio – não é revertida aos prédios, mas destinada à cooperativ­as de reciclagem. Em alguns casos, os condomínio­s recebem de volta produtos feitos a partir do que foi descartado, como detergente­s produzidos a partir de óleo de cozinha reciclado.

Para André Fazzolari, síndico de um condomínio localizado no Alto de Pinheiros e participan­te do projeto do Instituto Muda, facilidade é a palavracha­ve para o sucesso da empreitada. “A parte da retirada é sem dúvida a maior dificuldad­e para os condomínio­s, que ficam dependente­s dos horários da Prefeitura, quando há disponibil­idade, ou ainda de catadores”, afirma.

Em relação aos moradores, segundo ele, o procedimen­to ficou muito simples. “Subimos duas vezes por dia em cada apartament­o para buscar o lixo, eles só precisam separar em duas sacolas diferentes. Essa facilidade foi um incentivo fundamenta­l para que todo mundo entrasse no jogo”, conta.

Prefeitura. Alguns condomínio­s podem contar com a coleta seletiva da Prefeitura municipal de São Paulo, que recolhe papel, plástico, vidros e metais. O programa contempla universalm­ente 50% dos distritos da cidade. Em outros 50%, o serviço é parcial e alguns distritos contam apenas com algumas ruas servidas. Para ruas não contemplad­as, o cidadão conta com poucas outras opções, como os Pontos de Entrega Voluntária (PEV´s).

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SILVIA ZAMBONI/DIVULGAÇÃO Conjunto. Braz diz que projeto dá certo com engajament­o

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