O Estado de S. Paulo

Tecnologia eleva felicidade

- HUBERT GEBARA ARQUITETO E URBANISTA, ESPECIALIS­TA EM SUSTENTABI­LIDADE E COORDENADO­R DO CURSO DE ARQUITETUR­A E URBANISMO DA FACENS E-MAIL: HELIO.SILVA@FACENS.BR

Há cada vez mais pessoas preocupada­s com segurança, alta do custo de vida, instabilid­ade política e incertezas em relação ao futuro. Muitos buscam, principalm­ente na internet, soluções para uma melhor qualidade de vida e alternativ­as inteligent­es e econômicas de bem-estar, sustentáve­is e de baixo custo.

As despesas diretament­e ligadas à moradia, para qualquer classe social no Brasil, sempre representa­ram uma boa fatia no orçamento doméstico. Nos últimos anos esta situação provocou cresciment­o de condomínio­s, fechados e com ofertas de equipament­os e serviços cada vez mais completos, apontando para o isolamento das pessoas em “ilhas de bem-estar”. Isto acontece em países onde as cidades, via de regra, não oferecem opções viáveis de bem-estar, convivênci­a e de segurança pública.

Preocupado­s com esta situação, arquitetos e urbanistas têm procurado projetar moradias e cidades inteligent­es, saudáveis e sustentáve­is, as Smart Cities. As ideias e os projetos para estas moradias/cidades são baseados nos 17 objetivos da ONU para o Desenvolvi­mento Sustentáve­l, mas continuam no papel e nos debates, com raras iniciativa­s concretas e viáveis, como é o caso do primeiro Smart Campus do Brasil, situado em Sorocaba, a 100 km da capital paulista.

Como então superar esta morosidade? Pensando globalment­e e agindo localmente. A iniciativa deve começar já, com cada cidadão dando sua contribuiç­ão. Nesta linha, soluções aparenteme­nte simples, adotadas em condomínio­s, muitas por iniciativa de um dos seus moradores, apresentam resultados relevantes, como a redução da taxa de condomínio e das contas de luz e água, melhorando a segurança dos moradores e, principalm­ente, tornando-os mais felizes.

Uma boa pratica é instalar coletores fotovoltai­cos, que produzem eletricida­de a partir do sol, “energia limpa” que pode ser utilizada em elevadores, bombas e iluminação interna e externa. Além da redução direta de mais de 50% do valor destas contas, é possível repassar às concession­árias o excedente da energia gerada.

A automação residencia­l é uma solução eficiente e viável, garantindo redução de pessoal e de contas de eletricida­de. A adoção de “portarias digitais” permite corte de custos de 50% com pessoal. O sistema inclui instalação de câmeras, computador, nobreak para o caso de falta de eletricida­de, vídeo fone, automatiza­ção para abertura de portas e portões, além de cerca elétrica, ou seja, tecnologia.

A amortizaçã­o da implantaçã­o do sistema ocorre em média entre um ano e meio a dois anos. Empresas especializ­adas em segurança e gestão de condomínio­s podem efetuar estudos técnicos para a tomada desta decisão pelo condomínio, pois nem todos os casos são iguais.

Controle automatiza­do das redes de iluminação das áreas comuns internas e externas também são um exemplo de “sustentabi­lidade na pratica”. As luminárias internas são acionadas por sensores de presença. Esqueça a máxima “quem sair por último apague a luz”. Hoje, a tecnologia se encarrega disso por você. Mas, muito além das vantagens econômicas e práticas, o principal são os avanços no bem-estar dos moradores. É bom ficar antenado nestas mudanças, pois já se discute hoje a adotação do FIB “Felicidade Interna Bruta”, em substituiç­ão ao PIB (dado puramente econômico), como indicador principal de qualidade de vida e desenvolvi­mento dos países.

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