O Estado de S. Paulo

Iván Duque, um rosto jovem que devolve o poder ao ‘uribismo’

- É JORNALISTA

Ele tem apenas 41 anos e já alcançou o grande marco de sua carreira: renovar o “uribismo”, dar-lhe um rosto jovem para levá-lo mais uma vez ao poder. Iván Duque é meio vallenater­o (um tipo de ritmo colombiano) e meio roqueiro. Sua paixão pela música faz com que ele circule por Queen, Kiss e Guns n’ Roses, mas sem ter medo de ser flagrado cantarolan­do um tango de Julio Sosa. Ele nasceu em Bogotá, filho de uma família rica de Antioquia, com fortes raízes liberais. Sua ascensão política foi rápida.

Desconheci­do até recentemen­te, ele se tornou a estrela no Senado do Centro Democrátic­o, partido do ex-presidente Álvaro Uribe. Em apenas quatro anos, chegou à presidênci­a – o segundo chefe de Estado mais jovem da Colômbia, depois de Alberto Lleras Camargo, que assumiu o poder aos 39 anos, mas por um curto período, entre 1945 e 1946. Agora, cabe a Duque provar que os críticos que o acusavam de falta de experiênci­a estão errados, que ele pertence à mesma estirpe do primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau (46 anos), do presidente francês, Emmanuel Macron (40 anos), e da primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern (37 anos).

Daqui para frente, será muito mais difícil encontrar tempo para torcer pelo seu time, o América de Cali, ou cantar vallenatos ao lado de intérprete­s populares como Silvestre Dangond, Poncho Zuleta ou Jorge Celedón. Embora tenha prometido não governar com o espelho retrovisor, não há dúvida de que ele será guiado pelo legado de seu pai, Iván Duque Escobar, ex-governador de Antioquia e ex-ministro de Minas e Energia de Belisario Betancur (1982-1986).

Outra grande influência é a do líder liberal Jorge Eliécer Gaitán, assassinad­o em 1948. Sua avó materna, Stella Tono, lhe deu vários discos de vinil com discursos gravados de Gaitán, o grande mito do liberalism­o colombiano, que ele decorou quando era criança. A presidênci­a de Duque também deve se pautar pelo seu trabalho realizado por dez anos como consultor do Banco Interameri­cano de Desenvolvi­mento, em Washington.

Enquanto morava nos EUA, ele conheceu sua mulher, María Juliana Ruiz, advogada que trabalhava na OEA e com quem se casou em 2003. Sua primeira decisão como presidente, antes da posse, no dia 7 de agosto, será definir se a família, incluindo os três filhos, continuará morando em casa ou se vai se mudar para a Casa de Nariño, residência presidenci­al. Enquanto isso, ele precisa navegar nas águas agitadas da política colombiana, radicalmen­te oposta à calmaria de Washington que ele conhecia.

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