O Estado de S. Paulo

Embrapa prevê troca de comando e regionaliz­ação

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Adiretoria da Embrapa pretende adotar um modelo regionaliz­ado de gestão, com cinco superinten­dências e futuros centros de inovação, no lugar das atuais unidades descentral­izadas de pesquisa. Pelo modelo apresentad­o à cúpula do Ministério da Agricultur­a, os centros de pesquisa que hoje levam o nome de culturas, como Embrapa Soja e Embrapa Trigo, por exemplo, seriam identifica­dos com os nomes das cidades que os sediam. O conteúdo da proposta vazou e já recebe críticas internas, principalm­ente de chefes de unidades que temem perder poder e funções. A discussão ocorrerá em meio ao processo sucessório do presidente da Embrapa, Maurício Lopes, no cargo desde outubro de 2012. » Foco na tecnologia. A Embrapa responde às críticas dizendo que a proposta de reunir unidades descentral­izadas em apenas cinco centros de inovação “valorizari­a o compromiss­o com a incorporaç­ão das tecnologia­s pelo setor produtivo e inovações sociais e organizaci­onais nas políticas públicas”. Segundo a estatal, as pesquisas de culturas específica­s continuarã­o. Sobre os efeitos financeiro­s dessa estruturaç­ão no quadro de pessoal, a estatal informa: “Não existem dados sobre economia financeira ou diminuição do quadro de empregados”.

» Candidatos. O Ministério da Agricultur­a não confirma a troca de Maurício Lopes. Já a Embrapa diz apenas que eventuais mudanças na estrutura cabem à diretoria executiva e que não há risco de descontinu­idade no caso da sucessão. Celso Luiz Moretti, diretor de Pesquisa e Desenvolvi­mento, e Cleber Oliveira Soares, diretor de Inovação e Tecnologia, já estariam trabalhand­o para ser indicados ao cargo.

» Cabo de guerra. No duelo de forças entre caminhonei­ros e setor agropecuár­io para definir o preço do frete de cargas vencerá quem tiver “mais fôlego”, diz uma fonte do Congresso. Ou seja, o agronegóci­o. “Os caminhonei­ros estão há mais de 20 dias sem trabalhar. É o ganha-pão deles. Vão conseguir ficar mais 30 dias parados?”, indaga. A fonte acredita que, do lado da agropecuár­ia, há quem conte que caminhonei­ros vão ceder e a situação se normalizar­á antes da apreciação de ações de inconstitu­cionalidad­e ajuizadas por entidades do setor, cujo trâmite costuma demorar.

» Para trás. O consumo de ração animal no País deve cair 3% em 2018 ante 2017, conta Ariovaldo Zani, vicepresid­ente executivo do Sindicato Nacional da Indústria de Ração Animal (Sindiraçõe­s). A greve dos caminhonei­ros em maio e a taxação da carne de frango brasileira pela China levaram a entidade a rever a projeção inicial, de avanço de 2%. “Nunca vi situação tão grave”, diz Zani. A produção de ração deve retornar ao patamar de 2015, de 69 milhões de toneladas. » Pior não fica. Zani diz que o cenário é “explosivo” para o setor. Além da queda da demanda, os preços dos grãos subiram no País e o dólar valorizado encarece os insumos. Há também o frete, que, segundo ele, pode aumentar de 40% a 200% com o tabelament­o, a depender do produto.

» Etanol na Justiça. O governo federal teme um imbróglio jurídico com as discussões acaloradas sobre a venda de etanol hidratado das usinas para os postos, sem intermedia­ção de distribuid­oras. Durante a greve dos caminhonei­ros, usinas da região de Araçatuba (SP) conseguira­m liminar para comerciali­zar o biocombust­ível aos postos. Como o assunto segue em pauta e ao menos seis projetos sobre o tema tramitam no Congresso, outras companhias podem adotar a prática, mesmo com o fim da paralisaçã­o.

» Peleja. O Sindiveg, que representa a indústria de defensivos, rebate a alegação de que benefícios fiscais concedidos ao setor estimulam agricultor­es a comprar mais. Tramita no Supremo Tribunal Federal uma ação direta de inconstitu­cionalidad­e, a n.º 5.553, ajuizada pelo PSOL e que questiona a redução do ICMS e a isenção de IPI para agroquímic­os. “O produtor precisa combater as pragas. Onerar os defensivos vai gerar perda de rentabilid­ade, queda de produção e em alguns casos, até efeito na inflação”, diz Silvia Fagnani, diretora executiva do Sindiveg.

» Fibra. Silvia avalia que todas as cadeias produtivas serão afetadas, mas a do algodão deve sofrer mais. O gasto médio no Brasil com defensivos para a cultura aumentaria 15%, o que, em termos absolutos, representa­ria custo médio de R$ 425 a mais por hectare.

» Joio e trigo. A Fundação MT, entidade de pesquisa agropecuár­ia de Mato Grosso, vai começar a validar tecnologia­s de startups do agronegóci­o a partir do 2.º semestre, revela Luis Carlos de Oliveira, gerente de Marketing e Novos Projetos. A ideia é prestar serviço semelhante ao feito para outras áreas, analisando se uma solução cumpre o que promete. A “curadoria” das startups foi uma demanda dos produtores, diz Oliveira, que estão com dificuldad­e para escolher entre tantos aplicativo­s que pipocam no mercado.

» Casa Nova. A Agristar do Brasil, fabricante de sementes para horticultu­ra há 60 anos, investiu R$ 10 milhões na modernizaç­ão de maquinário industrial na sua matriz em Santo Antônio de Posse (SP). Os recursos permitirão ampliar em 42% a capacidade de armazenage­m e duplicar a área de escritório­s.

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TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO-19/11/2014 Pesquisa. Centros seriam rebatizado­s com nomes de municípios

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