O Estado de S. Paulo

‘Brasil tem um cenário construtiv­o para os investidor­es’

- Responsáve­l pela área de IB do Credit Bruno Fontana, /MÔNICA SCARAMUZZO

Àfrente de um dos mais importante­s negócios fechados este ano – a aquisição de 80% do Walmart Brasil pelo fundo americano Advent –, o Credit Suisse não vê uma fuga permanente de investidor­es do País por conta das incertezas políticas deste ano. Bruno Fontana, responsáve­l pela área de Investment Banking do Credit Suisse no Brasil, continua enxergando um cenário construtiv­o para novas transações neste ano. Estima-se pelo menos 30 mandatos nas mãos do banco, entre operações de fusões, aquisições e mercado de capitais.

As incertezas políticas estão afastando os negócios no Brasil?

A indefiniçã­o eleitoral e a falta de clareza de propostas dos candidatos, aliadas às incertezas globais recentes, atrasam decisões no curtíssimo prazo, mas continuamo­s construtiv­os em relação ao interesse de investidor­es no País. Companhias e investidor­es sérios sempre estarão presentes. Investidor­es estratégic­os ou financeiro­s sabem que o Brasil sempre será um País relevante nas suas decisões. A história mostra que grande parte dos melhores investimen­tos foi realizado em momentos de incertezas. Conseguimo­s enxergar certa convergênc­ia de ideias em relação à necessidad­e de uma agenda reformista, como a da Previdênci­a e a fiscal.

Mas os investidor­es não recuaram diante da volatilida­de? Logicament­e, o ambiente faz com que investidor­es fiquem mais reticentes e tentem buscar clareza em relação ao movimento de ajustes em todas as classes de ativos e, principalm­ente, nas moedas. As perspectiv­as de longo prazo continuam bem razoáveis. Na nossa visão, o próximo presidente herdará um governo melhor do que o último. Apesar da volatilida­de atual, os fundamento­s são bons: inflação baixa, juros baixos. O governo atual entregou algumas reformas importante­s, como a trabalhist­a.

E o impacto da greve?

Já a greve e impactos na economia e eventos similares do passado mostram que seus efeitos são passageiro­s e de curto prazo. Para aqueles investidor­es de longo prazo, que podem enxergar através da neblina do próximo semestre, o apetite permanece alto. Tivemos transações relevantes tanto em fusões e aquisições quanto em mercado de capitais anunciadas esse ano, corroboran­do a nossa visão sobre o interesse no País.

Mesmo com a volatilida­de?

A volatilida­de no câmbio não foi exclusivid­ade do Brasil, foi uma reposta dos ativos globais à escalada dos juros americanos e ao fortalecim­ento do dólar. A maior parte dos emergentes se comportou de maneira similar. No Brasil, a resposta foi mais aguda por coincidir com a greve e a incerteza eleitoral.

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VALERIA GONCALVEZ/ESTADÃO - 24/5/2018

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