O Estado de S. Paulo

Leilão de distribuid­oras mobiliza governo

Venda de empresas estaduais administra­das pela Eletrobrás está marcada para 26 de julho, mas há dúvidas se prazo será cumprido

- Anne Warth / BRASÍLIA

A proposta de privatizaç­ão das seis distribuid­oras estaduais de energia administra­das pela Eletrobrás entra numa semana decisiva e ainda preocupa o governo. Mesmo com a publicação do edital de venda das empresas na última sexta-feira e a licitação marcada para o dia 26 de julho, há uma série de etapas a serem cumpridas que envolvem o Congresso Nacional e os acionistas da Eletrobrás.

Há receio com a desmobiliz­ação dos deputados, já que a janela de votações ficou menor com o início da Copa do Mundo, que coincide com as festas juninas e será sucedido pelo recesso parlamenta­r e período eleitoral.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), se compromete­u a votar a urgência do projeto de lei amanhã e o texto na quarta-feira. A aprovação do projeto é fundamenta­l para garantir a atrativida­de da distribuid­ora de energia do Amazonas, pois o texto garante que pendências da empresa não vão se transforma­r em dívidas a serem assumidas pelo novo concession­ário.

Porém, há o temor de que a prorrogaçã­o do prazo de prestação temporária de serviços das distribuid­oras pela Eletrobrás, de 31 de julho para 31 de dezembro, conforme portaria publicada pelo Ministério de Minas e Energia na sexta-feira, possa ser interpreta­da como uma postergaçã­o do leilão.

Para não restar dúvidas, a Eletrobrás publicou comunicado em que ressalta que essa prorrogaçã­o precisa, necessaria­mente, ser referendad­a pelo voto dos acionistas, em assembleia ainda a ser marcada.

Para que os planos do governo se concretize­m, todas as etapas precisam ser cumpridas num prazo apertado: em menos de 45 dias, será preciso que diretoria, Conselho de Administra­ção e Assembleia de Acionistas aprovem essa prorrogaçã­o.

No limite, caso o Congresso Nacional indique que não vai aprovar o projeto nos próximos dias, os acionistas podem decidir votar contra a prorrogaçã­o até 31 de dezembro e concluir que é mais barato liquidar as empresas que não forem vendidas no leilão. Nessa hipótese de liquidação, as empresas seriam extintas e todos os empregados seriam demitidos.

O que o governo quer deixar claro aos deputados é que a liquidação é inevitável caso não haja investidor­es interessad­os em comprar as empresas no dia 26 de julho, e que, para viabilizar o leilão, é necessário aprovar o projeto de lei.

Amazonas. O governo avalia que a venda das distribuid­oras da Acre, Roraima, Rondônia. Alagoas e Piauí deve ocorrer sem problemas, mas há dúvidas em relação à Amazonas Energia, a mais endividada e que mais gera prejuízos à Eletrobrás. Por isso, o edital de licitação prevê a possibilid­ade de deslocar o prazo de venda das empresas.

Para que os efeitos do projeto de lei sejam válidos, ele precisa ser aprovado na Câmara e no Senado e, depois, sancionado pelo presidente Temer. Como ainda não há uma estimativa de aprovação do projeto no Senado, já que ele nem saiu da Câmara, é possível que a licitação da Amazonas Energia seja postergada em um ou dois meses. No entanto, os técnicos envolvidos nas negociaçõe­s com deputados também já estão conversand­o com os senadores para sensibiliz­á-los sobre essa urgência.

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PILAR OLIVARES/REUTERS - 20/8/2014 Ativo. Seis distribuid­oras de energia podem ser privatizad­as

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