Mídia americana abre fogo contra Facebook
Veículos como o ‘NYT’ elevaram críticas à rede social, que agora ‘confunde’ notícia e propaganda política
Editoras de jornais há muito têm um relacionamento difícil com o Facebook. Mas as tensões se tornaram mais públicas nas últimas semanas, com os veículos criticando abertamente o gigante da tecnologia por novas políticas que, segundo eles, prejudicam o jornalismo.
A crítica mais recente veio na quinta-feira, quando Mark Thompson, principal executivo do New York Times, acusou o Facebook de apoiar intencionalmente “os inimigos do jornalismo” ao usar algoritmos que podem caracterizar erroneamente notícias como conteúdo político partidário.
Thompson falou num painel de discussão na Escola de Jornalismo de Columbia, em Nova York, que incluiu também Campbell Brown, chefe das parcerias globais de notícias do Facebook. Respondendo às críticas de como a rede de anúncios do Facebook pode ser manipulada em eleições, Brown defendeu uma política recém introduzida pela plataforma.
Ao criticar o Facebook, Thompson exibiu dois anúncios que o NYT fez recentemente na plataforma. Ambos foram classificados como políticos.
Um deles promovia um artigo sobre o encontro do presidente Donald Trump com Kim Jong-un, o líder norte-coreano. Ao considerar o material como conteúdo político, argumentou Thompson, o Facebook confundiu reportagem política com a própria política.
As tensões entre Facebook e empresas jornalísticas vêm aumentando desde janeiro, quando a rede social mudou seu algoritmo de “news feed” de um modo que rebaixa o conteúdo de jornais em favor de posts de amigos de um usuário.
No mês passado, com o aumento da pressão do público e de políticos sobre o papel do Facebook na eleição de 2016, a empresa anunciou a criação um arquivo acessível ao público de anúncios que seus algoritmos classificam de políticos.
Além disso, Mark Zuckerberg, chefe do Facebook, informou que a companhia começaria a listar veículos de acordo com sua “confiabilidade”. “Não confio num concurso de popularidade cujos resultados são decididos por usuários do Facebook”, disse Lydia Polgreen, editora do HuffPost.
Empresas jornalísticas vêm protestando por serem incluídas no mesmo arquivo de anúncios políticos. Neste mês, organizações representando mais de 20 mil veículos dos Estados Unidos escreveram ao Facebook para protestar contra a nova política, e veículos como Financial Times prometeram suspender anúncios no Facebook se a política não mudar.
Embora o Facebook continue sendo um instrumento vital para veículos de comunicação, seu poder diminuiu. Segundo dados da Chartbeat, empresa de análises online, o relacionamento comercial de empresas jornalísticas com o Facebook dimuiu 15% no ano passado. Ao mesmo tempo, negócios com o Google cresceram 20% desde agosto.
Critério
“Não confio em um concurso de popularidade cujos resultados são decididos por usuários do Facebook.” Lydia Polgreeen
EDITORA DO ‘HUFFPOST’