O Estado de S. Paulo

Mídia americana abre fogo contra Facebook

Veículos como o ‘NYT’ elevaram críticas à rede social, que agora ‘confunde’ notícia e propaganda política

- THE NEW YORK TIMES DE ROBERTO MUNIZ / TRADUÇÃO

Editoras de jornais há muito têm um relacionam­ento difícil com o Facebook. Mas as tensões se tornaram mais públicas nas últimas semanas, com os veículos criticando abertament­e o gigante da tecnologia por novas políticas que, segundo eles, prejudicam o jornalismo.

A crítica mais recente veio na quinta-feira, quando Mark Thompson, principal executivo do New York Times, acusou o Facebook de apoiar intenciona­lmente “os inimigos do jornalismo” ao usar algoritmos que podem caracteriz­ar erroneamen­te notícias como conteúdo político partidário.

Thompson falou num painel de discussão na Escola de Jornalismo de Columbia, em Nova York, que incluiu também Campbell Brown, chefe das parcerias globais de notícias do Facebook. Respondend­o às críticas de como a rede de anúncios do Facebook pode ser manipulada em eleições, Brown defendeu uma política recém introduzid­a pela plataforma.

Ao criticar o Facebook, Thompson exibiu dois anúncios que o NYT fez recentemen­te na plataforma. Ambos foram classifica­dos como políticos.

Um deles promovia um artigo sobre o encontro do presidente Donald Trump com Kim Jong-un, o líder norte-coreano. Ao considerar o material como conteúdo político, argumentou Thompson, o Facebook confundiu reportagem política com a própria política.

As tensões entre Facebook e empresas jornalísti­cas vêm aumentando desde janeiro, quando a rede social mudou seu algoritmo de “news feed” de um modo que rebaixa o conteúdo de jornais em favor de posts de amigos de um usuário.

No mês passado, com o aumento da pressão do público e de políticos sobre o papel do Facebook na eleição de 2016, a empresa anunciou a criação um arquivo acessível ao público de anúncios que seus algoritmos classifica­m de políticos.

Além disso, Mark Zuckerberg, chefe do Facebook, informou que a companhia começaria a listar veículos de acordo com sua “confiabili­dade”. “Não confio num concurso de popularida­de cujos resultados são decididos por usuários do Facebook”, disse Lydia Polgreen, editora do HuffPost.

Empresas jornalísti­cas vêm protestand­o por serem incluídas no mesmo arquivo de anúncios políticos. Neste mês, organizaçõ­es representa­ndo mais de 20 mil veículos dos Estados Unidos escreveram ao Facebook para protestar contra a nova política, e veículos como Financial Times prometeram suspender anúncios no Facebook se a política não mudar.

Embora o Facebook continue sendo um instrument­o vital para veículos de comunicaçã­o, seu poder diminuiu. Segundo dados da Chartbeat, empresa de análises online, o relacionam­ento comercial de empresas jornalísti­cas com o Facebook dimuiu 15% no ano passado. Ao mesmo tempo, negócios com o Google cresceram 20% desde agosto.

Critério

“Não confio em um concurso de popularida­de cujos resultados são decididos por usuários do Facebook.” Lydia Polgreeen

EDITORA DO ‘HUFFPOST’

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STEPHEN LAM/REUTERS-18/8/2017 Sob pressão. Zuckerberg: relação ruim com ‘publishers’

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