O Estado de S. Paulo

Como as estrelas se saíram na rodada.

Cristiano Ronaldo mostra-se solidário na defesa em comparação com Messi e Neymar

- Marcio Dolzan

Neymar

Tentou mais jogadas individuai­s, mas foi menos efetivo do que os rivais

Cristiano Ronaldo

Além dos três gols que marcou, foi mais participat­ivo na marcação

Messi

Muito acionado, foi o que mais recebeu passes dos companheir­os

Cristiano Ronaldo é muito mais do que o cara da Copa até agora, com seus três gols no empate diante da Espanha por 3 a 3 na estreia. Comparado aos seus maiores rivais na Rússia (o argentino Messi e o brasileiro Neymar), o atacante português também é o que mais ajuda a defesa, com 44% do tempo dos 90 minutos de jogo. Messi, por exemplo, volta apenas 18%. E Neymar, 29%. Portanto, CR7 não é apenas o jogador que empurra a bola para as redes. Mas também é. Contra a Suíça, Neymar finalizou 20% de todas as tentativas da seleção brasileira. No mesmo quesito, Messi responde por 42% na Argentina. E Cristiano, 50% em Portugal.

Os três melhores do mundo percorrera­m caminhos diferentes em suas respectiva­s estreias. CR7, o primeiro a entrar em campo, foi brilhante e decisivo. Messi, o segundo, foi participat­ivo, mas discreto, e perdeu pênalti contra a Islândia. Neymar abusou da individual­idade e não conseguiu ser o que se esperava dele. Na Copa dos craques, CR7 saiu na frente.

Em comum ao trio ficou o resultado final, três empates na primeira rodada. O que variou foi a participaç­ão de cada um deles em campo. Entre os três, Messi foi quem mais tocou a bola. Foram 116 toques ao longo da partida, ante 79 de Neymar e meros 52 de Cristiano Ronaldo.

Esses números só comprovam que a efetividad­e fez toda a diferença. O português arrematou quatro vezes a gol – e mandou a bola para dentro em três delas. Pode-se argumentar que o principal jogador brasileiro foi caçado – sofreu dez faltas –, mas isso talvez passe pelo jogo que o próprio camisa 10 da seleção se propôs. Diante da Suíça, ele parecia o Neymar da era préTite, prendendo a bola ao máximo, buscando o drible de costas para o gol e raramente distribuin­do o jogo. Assim, nem mesmo inverter o lado de jogo ajudou.

Neymar sentiu a marcação. Reclamou insistente­mente das faltas e chegou a se irritar com o árbitro. Após o empate, de cabeça fria, reconheceu que precisará se concentrar até o fim da Copa, porque seguirá sendo visado pelos rivais. “Só tenho de tentar jogar futebol. Quanto ao juiz, vai ser normal, já vem sendo, a troca de atletas para fazer a falta em mim”, disse. “Se a arbitragem não prestar atenção, é uma coisa ruim para o futebol.”

É verdade que a marcação foi impiedosa com os três craques. O que foi diferente foi a forma com que cada um procurou se livrar dela. Enquanto Messi e Neymar tentaram dribles, passes laterais e alguns arremates, Cristiano Ronaldo preferiu se ater ao que sabe de melhor: chutar a gol. Mesmo que o português tenha dado suas pedaladas e deixado dois companheir­os na cara do gol da Espanha, ele aproveitou as chances que teve para finalizar. Marcou um gol de pênalti, um em chute da entrada da área e outro de falta.

Dos três, foi quem menos tentou as jogadas individuai­s, com 20% das tentativas de Portugal. Messi teve 34% e Neymar, 29%. “Eu trabalho há muitos anos e confio muito em mim. Trabalho para isso”, disse o atacante português após o clássico contra a Espanha. “Saímos na frente, depois a Espanha ficou em vantagem, mas não desistimos. A Espanha teve certo controle do jogo, mas Portugal teve as oportunida­des de gol.” Cristiano aproveitou cada uma delas.

O mesmo não se pode dizer de Messi. Se a Argentina deposita nele a esperança para sair de uma fila de 32 anos sem conquistar uma Copa, também deve cobrar do craque do Barcelona pelo empate na estreia com a Islândia. Messi foi o responsáve­l por 11 dos 27 chutes a gol da seleção contra os islandeses. A soma inclui o pênalti defendido pelo goleiro Hannes Halldorsso­n.

“Dói perder o pênalti, porque nos daria a vantagem. Conseguir uma diferença muda a partida”, lamentou Messi. O abatimento do meia, que disputa sua quarta e talvez última Copa do Mundo, era evidente. “Tentaremos superar isso rapidament­e. Seguimos com a mesma ambição, a mesma vontade. Creio que podemos melhorar ainda.”

A segunda chance de Messi será nesta quinta-feira, diante da Croácia. Um dia antes, CR7 terá nova oportunida­de para ser decisivo contra o Marrocos. Na sexta, será a vez de Neymar tentar fazer a diferença diante da Costa Rica. A Copa do Mundo dos craques ainda promete.

Trabalho há muitos anos e confio muito em mim. Trabalho para isso Cristiano Ronaldo, ATACANTE DE PORTUGAL

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