Valério é condenado a 16 anos de prisão no mensalão mineiro
Ex-empresário, que já cumpre pena pelo mensalão federal, é sentenciado por lavagem de dinheiro e peculato
O ex-empresário Marcos Valério Fernandes de Souza foi condenado a 16 anos e 9 meses de prisão por participação no esquema que ficou conhecido como mensalão mineiro. A sentença é da juíza Lucimeire Rocha, da 9.ª Vara Criminal do Fórum Lafayette, a primeira instância da Justiça de Minas Gerais. A pena é pelos crimes de lavagem de dinheiro e peculato. Valério é o sexto envolvido no mensalão mineiro sentenciado pela Justiça do Estado em pouco mais de dois meses.
O esquema, conforme a denúncia do Ministério Público, foi responsável pelo desvio de R$ 3,5 milhões (em valores da época) de estatais mineiras como a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) e o extinto Banco do Estado de Minas Gerais (Bemge) para a campanha pela reeleição do ex-governador Eduardo Azeredo (PSDB) em 1998. Para isso, segundo a acusação, foram utilizadas agências de publicidade de Valério.
Prisão. O ex-empresário já cumpre pena de 37 anos de prisão por participação no mensalão federal. Marcos Valério estava preso desde 2013 na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na Grande Belo Horizonte, e, em julho do ano passado, foi transferido para uma Associação de Proteção e Assistência ao Condenado (Apac) em Sete Lagoas, na região metropolitana da capital mineira.
A transferência ocorreu depois de o ex-empresário fechar delação premiada com a Polícia Federal em Minas Gerais com informações sobre o mensalão mineiro, acordo que ainda depende da homologação do Supremo Tribunal Federal.
Ex-sócios de Marcos Valério, Cristiano de Mello Paz e Ramon Hollerbach também foram condenados a 16 anos e 9 meses de prisão pela juíza Lucimeire Rocha. Ambos, assim como Valério, já haviam sido sentenciados no mensalão federal. A decisão é de sexta-feira. Todos podem recorrer.
Condenações. Em 24 de abril, Azeredo teve confirmada em segunda instância condenação a 20 anos e 1 mês de prisão dentro do mensalão mineiro por peculato e lavagem de dinheiro. Em 22 de maio, recurso do tucano foi negado e, um dia depois, ele iniciou o cumprimento da pena em batalhão do Corpo de Bombeiros de Belo Horizonte.
Em 14 de maio, o ex-senador Clésio Andrade foi condenado em primeira instância a cinco anos e sete meses de prisão em regime semiaberto por participação no esquema. Neste caso, coube recurso. Clésio Andrade ocupava a vaga de candidato a vice-governador na chapa de Azeredo. A pena foi por crime de lavagem de dinheiro.
Também em primeira instância, o jornalista Eduardo Guedes foi condenado em 12 de abril a 17 anos e 5 meses de prisão pelos crimes de peculato e lavagem de dinheiro no mensalão mineiro. Por ser uma decisão em primeira instância, também cabe recurso.