O Estado de S. Paulo

Candidatos falam em mudança na Petrobrás

Em evento, presidenci­áveis defendem nova regra para fixação de preço de combustíve­is

- / MARIANNA HOLANDA, GILBERTO AMENDOLA, CAMILA TURTELLI e DANIEL WETERMANN

Em evento organizado em São Paulo pela União da Indústria da Cana de Açúcar (Unica), os pré-candidatos à Presidênci­a defenderam ontem mudanças na administra­ção da Petrobrás e na atual política de preços dos combustíve­is. Em meio aos reflexos provocados pela greve dos caminhonei­ros, os presidenci­áveis do PSDB, Novo, PDT, Rede, Solidaried­ade, PSL e MDB afirmaram, de diferentes formas, que é preciso mudar a gestão da estatal e estabelece­r algum controle sobre os preços nas bombas – que hoje são fixados de acordo com a oscilação do petróleo no mercado internacio­nal.

A maioria dos presidenci­áveis foi ao evento acompanhad­a por assessores mais próximos. O tucano Geraldo Alckmin levou seu articulado­r político, anunciado na semana passada, Marconi Perillo, além do coordenado­r do programa de governo, Luiz Felipe D’Ávila, entre outros. Marina Silva (Rede), por sua vez, estava acompanhad­a do coordenado­r de campanha, João Capobianco, e do expresiden­te do Flamengo Bandeira de Melo, que hoje integra a Executiva Nacional da sigla.

Já o pré-candidato do PSL, Jair Bolsonaro levou um grupo mais numeroso, incluindo militantes que aplaudiam a cada intervençã­o do deputado federal.

Os palestrant­es foram sabatinado­s por dois empresário­s do setor e pelo jornalista William Waack, colunista do Estado.

‘Previsibil­idade’. Alckmin cobrou novamente “previsibil­idade” a definição dos preços da gasolina para os consumidor­es. “É preciso um colchão tributário e não pode ter aumento todo dia”, disse o tucano.

O mesmo termo “colchão tributário” foi utilizado por João Amoêdo, pré-candidato do Novo. Embora defenda a privatizaç­ão completa da estatal, ele disse ser necessário algum controle do repasse do aumento dos preços para o consumidor, possivelme­nte por meio de uma escala móvel para a Contribuiç­ão de Intervençã­o do Domínio Econômico (Cide). A fixação de preços nas bombas, disse ele, deveria ser definida pela competição e, portanto, a estatal deveria ser desestatiz­ada.

“Defendo reajuste quinzenal ou mensal para que as pessoas que trabalham na ponta tenham uma melhor ideia de como precificar”, disse Amoêdo.

‘Visão dogmática’. Marina também avaliou que “esses valores não podem ser repassados diretament­e para o consumidor todos os dias”. Apesar de ser contra a privatizaç­ão da estatal, ela defendeu uma melhor integração da Petrobrás na economia de mercado.

“Nós pagamos um alto preço pela visão dogmática dos dois lados, um contra o mercado, outro a favor”, disse a pré-candidata, defendendo uma de suas maiores bandeiras, a diversific­ação da matriz energética.

A polarizaçã­o a que se refere Marina também foi criticada pelo ex-ministro da Fazenda e pré-candidato do MDB, Henrique Meirelles. “A greve fez com que muitas pessoas começassem a se preocupar com as propostas dos candidatos dos extremos”, disse Meirelles.

Para ele, de um lado há candidatos com propostas que representa­riam um retrocesso na administra­ção das contas públicas; de outro, nomes mais preocupado­s em defender mudanças no Estatuto do Desarmamen­to, numa referência direta a Jair Bolsonaro (que já defendeu publicamen­te a revogação do estatuto).

Litro. Também ex-ministro da Fazenda, o pedetista Ciro Gomes apresentou uma proposta mais consolidad­a de como controlar os preços da estatal e foi o único a prometer valores.

“Na prática, o litro de gasolina custaria entre R$ 2,80 e R$ 3 comigo”, afirmou Ciro, defendendo que a estatal tenha uma política de reajustes com base nos custos de produção e lucros em linha com a concorrênc­ia. Durante sua palestra, o presidenci­ável citou também que considera justo um patamar de lucro de 3% em relação à receita da Petrobrás – a qual, segundo defende, deve continuar sob tutela

do Estado. “Ninguém ganha lucro de 20%, 30%, como o senhor Pedro Parente (ex-presidente da Petrobrás) fez agora.”

Com propostas que chamou de cunho “desenvolvi­mentista”, o ex-ministro da Defesa Aldo Rebelo, pré-candidato do Solidaried­ade à Presidênci­a, defendeu que haja “intervençã­o menor no esforço do Brasil de produzir”.

Já Bolsonaro voltou a criticar o governo pela condução das negociaçõe­s para colocar fim à greve dos caminhonei­ros. O précandida­to adotou um discurso liberal, mas sem se compromete­r

com propostas que pudessem representa­r a venda do controle acionário da Petrobrás. “Vamos fazer um governo com a menor interferên­cia do Estado”, disse.

Propostas

“É preciso um colchão tributário e não pode ter aumento (do preço dos combustíve­is para o consumidor) todo dia.” Geraldo Alckmin

PRÉ-CANDIDATO DO PSDB

“Nós pagamos um alto preço pela visão dogmática dos dois lados, um contra o mercado, outro a favor.” Marina Silva

PRÉ-CANDIDATA DA REDE

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HÉLVIO ROMERO/ESTADÃO - 18/5/2018 São Paulo. Visão geral do palco que recebeu os presidenci­áveis; no telão, o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles
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HÉLVIO ROMERO/ESTADÃO - 18/5/2018 Preços. Amoêdo defende reajuste quinzenal ou mensal
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NA WEB Portal. Siga a cobertura das eleições 2018 estadao.com.br/e/eleicoes20­18

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