O Estado de S. Paulo

Plebiscito para privatizar estatais pauta disputa no RS

Constituiç­ão gaúcha exige consulta popular para venda de empresas de que o governo quer se desfazer; pré-candidatos discordam entre si

- Filipe Strazzer / PORTO ALEGRE

Em meio a uma aguda crise financeira, o Rio Grande do Sul precisa vender estatais como contrapart­ida para receber ajuda federal. A questão, no entanto, opõe os principais pré-candidatos ao governo gaúcho. Enquanto os postulante­s do PSDB e do PP ao Palácio Piratini se manifestam a favor da ideia, petistas e pedetistas não concordam com as privatizaç­ões.

A Constituiç­ão gaúcha exige que a venda das estatais de energia seja aprovada em plebiscito. E a gestão do governador José Ivo Sartori (MDB) – que, até o momento, não confirma nem descarta sua candidatur­a à reeleição – escolheu privatizar a Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE), a Companhia Riogranden­se de Mineração (CRM), considerad­a uma estatal de energia por se dedicar à extração de carvão mineral, e a Companhia de Gás do Estado do Rio Grande do Sul (Sulgás).

A Carta estadual exige plebiscito também para a venda do Banco do Estado do Rio Grande do Sul (Banrisul), da Companhia Riogranden­se de Saneamento (Consan) e da Companhia de Processame­nto de Dados do Estado do Rio Grande do Sul (Procergs). O Rio Grande do Sul é o único Estado do País que exige plebiscito para autorizar privatizaç­ões.

No dia 5, Sartori sofreu uma dura derrota na Assembleia Legislativ­a, quando os deputados estaduais negaram uma antecipaçã­o da realização de plebiscito sobre as privatizaç­ões que ocorreria junto com as eleições, que faria com que a consulta popular fosse realizada juntamente com as eleições de 7 de outubro.

Os pré-candidatos ao governo gaúcho Eduardo Leite (PSDB), Luis Carlos Heinze (PP), Mateus Bandeira (Novo) e Luiz Portella (PMB) afirmam que são a favor da venda e que proporão o plebiscito assim que possível, caso sejam eleitos. O tucano, porém, não concorda com a consulta em conjunto com a eleição para governador. Já para Heinze, o plebiscito poderia ocorrer em outubro – tanto que seu partido votou a favor disso na Assembleia Legislativ­a.

Miguel Rossetto (PT), Jairo Jorge (PDT), Abigail Pereira (PCdoB) e Roberto Robaina (PSOL) se declaram contra qualquer privatizaç­ão e seus partidos atuaram para barrar as tentativas do governo na Assembleia.

O governo colocou no PSDB a culpa da derrota no Legislativ­o estadual. “Foi um movimento eleitoral do PSDB que negou à população a possibilid­ade de decidir sobre esse assunto inadiável”, afirmou Gabriel Souza (MDB), líder do governo na Assembleia.

“Nossa posição é justamente de que o debate seja exclusivo para o plebiscito, porque nós sabemos da dificuldad­e desse assunto no Brasil”, disse o deputado estadual Lucas Redecker (PSDB).

Sartori precisava de 28 votos para aprovar o plebiscito e só conseguiu 23. Faltaram votos do PSDB e do PTB, que, juntos, compõem chapa para a eleição ao Piratini. Os tucanos, até o início do ano, formavam a base do governador.

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FERNANDO C. VIEIRA/GRUPO CEEE - 23/1/2014 Venda. Gestão Sartori quer privatizar a Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE)

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