O Estado de S. Paulo

Em sala com 90% de estrangeir­os, inglês é idioma oficial

- / J.M.

No início do semestre, o professor Gilmar Masiero avisa: “não se preocupe porque falar errado aqui é a norma”. A tentativa é de encorajar os alunos a se expressare­m. Professor da disciplina Managing Organizati­ons in Brazil (Administra­ção das organizaçõ­es no Brasil), ele dá aulas inteiramen­te em inglês para estudantes de várias partes do mundo – poucos brasileiro­s.

Dos 40 alunos da disciplina de graduação da Universida­de de São Paulo (USP), cerca de 90% são estrangeir­os e quase todos têm o inglês como segundo idioma. O curso é uma das 26 disciplina­s de graduação e pós ministrada­s em língua inglesa na Faculdade de Economia, Administra­ção e Contabilid­ade (FEA). Em 2015, a FEA criou uma comissão de internacio­nalização, com a meta de ampliar a oferta de disciplina­s em inglês na unidade.

“Os alunos sempre ficam um pouco mais travados porque pensam primeiro no seu idioma”, diz o professor. Mas, segundo ele, a abordagem recente da disciplina, com estudo do desenvolvi­mento social em favelas brasileira­s, chamou a atenção dos estudantes e fez com que até os mais tímidos se soltassem. “Fiquei contente porque a turma abraçou o programa. Consegui ver pela participaç­ão em aula e pela presença.”

Na disciplina, uma optativa, também se estuda desenvolvi­mento econômico e empreended­orismo. “A ideia é fazer os meninos pensarem o Brasil a partir de seus problemas de cresciment­o econômico excludente”, diz Masiero. A tentativa é promover interação entre as nacionalid­ades. “Não deixo ‘panelas’ de franceses com franceses ou alemães com alemães.”

Conectado. Embora não seja o foco, brasileiro­s que participam da disciplina também aproveitam. “A maioria dos colegas é europeu. Acho bacana ver a visão deles e dar meus ‘inputs’”, comenta a aluna de Engenharia Naval Beatriz Casotti, de 22 anos, que cursa a optativa na FEA. “Já tinha feito um intercâmbi­o para a Irlanda. Mas muitos estudantes não têm a oportunida­de de sair. É um jeito de se manter conectado com a língua inglesa e também falar com os estrangeir­os.”

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