Plantio em casa será debatido no Senado
A regulação pela Anvisa do plantio da maconha para pesquisa e para o desenvolvimento de medicamentos pode ajudar a reduzir o custo da terapia no País, afirma Margarete Brito, integrante da Associação de Apoio à Pesquisa e Pacientes de Cannabis Medicinal (Apepi). A estimativa é de que o tratamento com extratos com canabidiol, uma das substâncias presentes na maconha, custe entre R$ 1 mil e R$ 5 mil por mês. “Com produção nacional, esse valor certamente vai cair.”
Mas ela avalia que, além da regulamentação da Anvisa, seria essencial a existência de uma lei para permitir o plantio doméstico de Cannabis sativa para o preparo doméstico do extrato usado por pacientes. Uma audiência pública sobre o assunto está marcada para amanhã, no Senado. Há quatro anos, Margarete iniciou o tratamento da filha, Sofia, que tem uma doença genética. Ao lado de outros familiares de pacientes, Margarete liderou um movimento bem-sucedido pela liberação da importação do produto pela Anvisa.
Há dois anos, diante de dificuldades na importação e com risco de ficar sem o extrato, Margarete decidiu iniciar o plantio em casa. Conseguiu autorização na Justiça e passou a auxiliar outras famílias na atividade. Todos com autorização da Justiça. “Em casa, o investimento pode ser mínimo.”
Pelo menos 150 pessoas já fizeram cursos coordenados pelo seu grupo para orientar a melhor forma do plantio. “Além de facilitar o acesso, o extrato doméstico pode dar mais fôlego na terapia”, conta. A experiência das famílias mostra que o uso por longos períodos faz com que o extrato importado, aos poucos, perca sua eficácia. As famílias notam que com o uso intercalado há um ganho na qualidade de vida do paciente.
De acordo com Margarete, ainda há várias perguntas que precisam ser respondidas sobre efeitos colaterais e interações. “E isso novos estudos poderão responder.”