OMS classifica vício em games como doença
A Organização Mundial da Saúde (OMS) incluiu ontem o vício por videogames na lista de distúrbios de saúde mental reconhecidos pela entidade. Anunciada em janeiro, a revisão do manual de classificação de doenças foi publicada ontem. A medida vinha sendo estudada pelo órgão desde 2014, como revelou o Estado no ano passado.
A Classificação Internacional de Doenças é um manual que traz a definição e os códigos das patologias. Serve de parâmetro para o trabalho de médicos de todo o mundo.
A OMS disse que a definição específica para o gaming disorder (transtorno do jogo) servirá para que os países estejam melhor preparados para identificar esse problema. Diretor do Departamento de Saúde Mental da OMS, Shekhar Saxena disse que o órgão acatou a mudança com base em evidências científicas, acrescentando que há demanda para tratamento do transtorno em vários países.
Porta-voz da Sociedade Britância de Psicologia, Joan Havey alertou que a nova designação pode trazer preocupações desnecessárias aos pais e disse que só uma minoria dos jogadores é atingida. Estudos americanos e europeus indicam que entre 1% e 5% dos que jogam desenvolvem a dependência.
Outros elogiam a medida. “Lidamos com pais preocupados, não só por verem crianças largarem a escola, mas porque veem a estrutura familiar colapsar”, afirmou Henrietta Bowden-Jones, da Britain’s Royal College of Psychiatrists. O vício, disse, geralmente é tratado com terapia psicológica, mas o uso de remédios também é possível.
Transexual. Na mesma revisão do manual, a OMS retirou a transexualidade do rol de transtornos mentais, passando a classificar o comportamento como condição da área de saúde sexual. Para estudiosos, a classificação anterior estigmatizava transexuais, para quem há necessidade de melhorar o atendimento.
Alerta •
‘Videogame é um tipo não financeiro de jogatina, do ponto de vista psicológico. Apostadores usam dinheiro enquanto jogadores de videogame usam pontos.’ Mark Griffiths
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