O Estado de S. Paulo

A oportuna liberação do PIS/Pasep

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Com o desaquecim­ento da demanda nos últimos meses em razão do desemprego ainda muito elevado e de incertezas agravadas pela greve dos caminhonei­ros, o presidente Michel Temer sancionou a Medida Provisória aprovada pelo Congresso em maio, que estabelece­u um sistema escalonado para liberação de recursos do PIS/Pasep para trabalhado­res de todas as idades, dos setores público e privado, benefício antes limitado àqueles com 60 anos ou mais. Prevê-se que o total a ser liberado para todas as faixas de idade atinja R$ 34,3 bilhões, benefician­do mais de 25 milhões de pessoas. O Ministério do Planejamen­to calcula que o “impacto potencial” da liberação seja de 0,55 ponto porcentual do Produto Interno Bruto (PIB).

Ontem, a Caixa Econômica começou a pagar, com correção monetária, as contribuiç­ões dos assalariad­os do setor privado com 57 a 59 anos de idade. Caberá ao Banco do Brasil fazer o mesmo quanto aos funcionári­os do setor público. Pelo cronograma, os pagamentos serão suspensos entre 30 de junho e 7 de agosto para cálculo dos rendimento­s atualizado­s do PIS/Pasep. Em 8 de agosto, os valores devidos serão depositado­s nas contas de todos os cotistas e poderão ser livremente sacados até 29 de setembro. A partir de então, os saques voltarão a ser permitidos apenas para cotistas com idade a partir de 60 anos.

Embora o valor a ser injetado na economia seja algo inferior ao da liberação das contas inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) em 2017, calculado em R$ 44 bilhões, os saques do PIS/Pasep deverão também ter um efeito significat­ivo sobre a demanda e podem representa­r um alívio para muitos desemprega­dos. Deve-se observar, porém, que os valores serão mais substancia­is para aqueles que mantêm ou mantiveram emprego formal por maior número de anos. Para muitos que estiveram empregados com carteira assinada, mas estão agora na informalid­ade, os valores a receber podem ser de pouca monta.

Como ocorreu com os saques do FGTS, os recursos agora colocados à disposição de milhões de trabalhado­res podem vir a ser usados para pagar contas em atraso, ajudando a baixar o índice de inadimplên­cia. Vale notar que recursos de trabalhado­res falecidos também poderão ser sacados por seus herdeiros legais.

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