O Estado de S. Paulo

Trump ameaça tarifar até US$ 400 bi de bens da China

Presidente dos EUA pediu estudos para imposição de tarifas de 10% sobre US$ 200 bi, mas montante pode dobrar se houver retaliação dos chineses

- / VICTOR REZENDE E MATEUS FAGUNDES

A guerra comercial entre os Estados Unidos e a China ganhou ontem mais um capítulo. O presidente americano, Donald Trump, fez novas ameaças ao governo chinês. Depois de pedir ao Escritório do Representa­nte Comercial (USTR, na sigla em inglês) que estudasse a imposição de tarifas de 10% sobre US$ 200 bilhões em produtos chineses, Trump comentou que, se houver nova retaliação por parte de Pequim, “adotaremos tarifas adicionais sobre outros US$ 200 bilhões em bens”. O total, portanto, poderia chegar a US$ 400 bilhões.

A China não demorou a responder e endureceu o tom, admitindo pela primeira vez de maneira oficial que está em “guerra comercial” com os EUA. Em comunicado no qual critica a nova ameaça americana, o Ministério do Comércio chinês afirmou que Pequim terá de adotar “medidas abrangente­s” se Washington prosseguir com o plano de tarifar em 10% o montante de até US$ 400 bilhões de mercadoria­s compradas do país.

Na sexta-feira, a Casa Branca anunciou tarifas de 25% sobre US$ 50 bilhões em produtos chineses alegando “roubo de propriedad­e intelectua­l”. De acordo com o governo Trump, essas barreiras foram impostas “para encorajar a China a mudar práticas injustas quanto à tecnologia e inovação”. Poucas horas após o anúncio, a China anunciou que também retaliaria as ações dos EUA no mesmo nível.

Desvantage­m. Em comunicado divulgado ontem à noite, Trump afirmou que o movimento adotado pelo governo chinês “indica claramente sua determinaç­ão em manter os EUA em permanente e injusta desvantage­m, o que se reflete em nosso enorme desequilíb­rio comercial de US$ 376 bilhões em mercadoria­s”.

No documento, o republican­o se refere à ação chinesa como “inaceitáve­l” e diz que as tarifas impostas por Washington têm como finalidade incentivar a China a mudar práticas comerciais desleais, abrir o mercado aos produtos americanos e aceitar uma relação comercial mais equilibrad­a com os Estados Unidos.

Trump ressaltou que tem um “excelente relacionam­ento” com o presidente chinês, Xi Jinping, e afirmou que os dois continuarã­o trabalhand­o juntos em muitas questões. No entanto, o americano enfatizou que ninguém mais vai tirar vantagem dos EUA no comércio. “Nem a China nem outros países do mundo. Continuare­mos usando todas as ferramenta­s disponívei­s para criar um sistema de negociação melhor e mais justo para todos os americanos.”

Na tarde de ontem, o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, disse que a China está engajada em uma “economia predatória de nível sem precedente­s de furto de propriedad­e intelectua­l”. Durante evento em Detroit, Pompeo também comentou que as recentes afirmações de Pequim sobre “abertura e globalizaç­ão” são “uma piada”.

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DOUG MILLS/THE NEW YORK TIMES Trump. Ação do governo chinês é ‘inaceitáve­l’

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