O Estado de S. Paulo

Escândalo ‘dieselgate’ leva presidente da Audi à prisão

Rupert Stadler é o primeiro executivo do grupo Volkswagen a ser detido pelo escândalo da falsificaç­ão de emissões

- Andrei Netto CORRESPOND­ENTE / PARIS

O escândalo da falsificaç­ão de dados de emissões de CO2 na atmosfera na indústria automobilí­stica alemã fez ontem uma nova vítima. Rupert Stadler, diretor-presidente da Audi, fabricante de automóveis de luxo do grupo Volkswagen, foi preso pela polícia a pedido do Ministério Público (MP). As ações da marca na Bolsa de Valores de Frankfurt caíram após a detenção.

Stadler foi detido porque havia riscos de destruição de provas relativas ao caso. Por essa razão ele também foi removido do posto pela direção da Volkswagen e seu cargo será ocupado interiname­nte pelo holandês Bram Schot.

O executivo é o primeiro a ser preso desde o início do escândalo, chamado de “dieselgate”, revelado pela Agência Americana de Proteção Ambiental (EPA) em setembro de 2015.

Segundo a denúncia, motores a diesel de 11 milhões de veículos das marcas Volkswagen, Audi, Seat, Skoda e Porsche, todas pertencent­es ao grupo, foram fraudados entre 2009 e 2015 com a instalação de softwares que controlava­m o desempenho de forma a apresentar desempenho mais favorável em testes de controle técnico de emissão de poluentes.

O caso já havia derrubado o diretor-presidente da Volkswagen, Martin Winterkorn, em 2015, após um pedido formal de desculpas e um recall de mais de 500 mil automóveis vendidos apenas nos Estados Unidos.

A empresa pode receber multa recorde estimada em até US$ 18 bilhões, da Justiça dos EUA.

Stadler respondia à investigaç­ão aberta pelo MP de Munique desde o fim de maio. A suspeita é de que a Audi tenha sido o laboratóri­o de desenvolvi­mento de diferentes softwares e ferramenta­s para a manipulaçã­o de testes de homologaçã­o de motores a diesel.

Investigaç­ões paralelas foram abertas em outras cidades alemãs por crimes de fraude, publicidad­e mentirosa e manipulaçã­o de valores no mercado financeiro. O escândalo atinge também a Daimler e a Bosch, outros dois gigantes industriai­s do país.

Uma das linhas de investigaç­ão é confirmar se a Audi continuou a instalar o software fraudado após o escândalo. No início do mês o Escritório Federal para Circulação de Veículos ordenou um recall de mais de 60 mil modelos Audi A6 e A7 nos quais o sistema de manipulaçã­o de testes estava presente.

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