O Estado de S. Paulo

Prefeitura de SP proíbe portão que ‘invade’ calçada

Medida visa a dar segurança a pedestres; proprietár­io terá 6 meses para se adequar

- Júlia Marques Juliana Diógenes

Um decreto da Prefeitura de São Paulo publicado ontem proíbe que portões ou cancelas automático­s “invadam” a calçada. Proprietár­ios de imóveis com essas estruturas têm seis meses para se adequar, com a mudança do portão ou a instalação de sensores. Entre os paulistano­s, a medida divide opiniões. Enquanto pedestres elogiam a proibição, donos de imóveis veem dificuldad­es em aplicar a medida.

A norma, que regulament­a lei publicada em janeiro, se aplica a portões ou cancelas automático­s pivotantes – aqueles que se abrem lateralmen­te – ou basculante­s – que se abrem verticalme­nte, projetando parte da estrutura para fora. Em ambos os casos, a ideia é evitar que os portões “invadam” o espaço da calçada, atingindo pedestres.

Quem tem imóveis com portões desse tipo deverá se adaptar. Proprietár­ios poderão instalar sensores eletrônico­s capazes de detectar a passagem de pessoas ou veículos e interrompe­r o movimento do portão. Outra possibilid­ade é colocar um sinal sonoro e luminoso que seja acionado 15 segundos antes da movimentaç­ão do portão,

avisando os pedestres.

Quem preferir poderá trocar o portão para que ele abra para dentro do imóvel, sem obstruir

a calçada, mas essa solução nem sempre é viável para quem tem garagens pouco compridas. Também será possível trocar a estrutura por um portão deslizante – aqueles que correm em trilhos horizontal­mente. Nesse caso, porém, os trilhos não poderão ser instalados no passeio público.

As estruturas em desacordo com a norma serão considerad­as um “obstáculo à circulação livre e segura de pedestres” e os proprietár­ios que não se adaptarem serão intimados a fazer a mudança em 30 dias. Depois desse prazo, ficarão sujeitos a uma multa de R$ 250. A fiscalizaç­ão ficará a cargo de agentes das Prefeitura­s Regionais.

O Estado consultou quatro empresas de portões automático­s em São Paulo. Segundo os estabeleci­mentos, a forma mais comum de aviso aos pedestres é o sinal luminoso e sonoro. A instalação desse equipament­o custa, em média, R$ 450.

Reações. Moradora do bairro Pacaembu, na zona oeste, a corretora de seguros Marion Lara, de 58 anos, se preocupou com a a nova regra. O portão da casa onde mora abre verticalme­nte, ocupando a calçada. “É o fim da picada. Nem todos têm área de garagem para abrir o portão para dentro. Aqui, teria de empurrar os carros.” Ela afirma que a abertura do portão é tão lenta que não oferece riscos a pedestres. “Nunca ouvi ninguém que tenha se machucado”, diz.

Morador do Jaçanã, na zona norte, o designer Marcel Stefanuto, de 30 anos, vê dificuldad­es em aplicar a medida. “Na minha casa é difícil colocar um portão que desliza porque tem um desnível”, diz. Segundo ele, a opção pelo sinal ou sensor é a mais simples. “Se não, terei de mexer na estrutura da casa.”

Já a recepcioni­sta Danielle Oliveira, de 28 anos, aprovou a mudança. “Demorou. Esse tipo de portão é horrível”, reclama. Danielle já tomou alguns sustos e viu uma amiga bater a cabeça em uma das estruturas quando caminhavam pela Rua Baronesa de Itu, em Santa Cecília, região central da cidade, onde trabalha. O zelador Benedito Gouveia, de 53 anos, também elogia a regra. “É uma questão de prevenção. O prejuízo é maior se o portão machucar alguém.”

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ALEX SILVA/ESTADÃO Risco. Estruturas deverão ter sensores ou sinal de alerta; descumprim­ento levará a multa

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