O Estado de S. Paulo

Pré-candidatos pregam mudança de tributos e novo pacto federativo

Presidenci­áveis defendem simplifica­ção tributária para dar mais recursos a municípios; prefeitos se queixam de ideias ‘vagas’

- BELO HORIZONTE / JONATHAS COTRIM e LEONARDO AUGUSTO, ESPECIAL PARA O ESTADO

Em evento voltado para prefeitos e vereadores de Minas Gerais, pré-candidatos à Presidênci­a da República defenderam ontem a criação de um novo pacto federativo que melhore a distribuiç­ão de recursos para os municípios e proporcion­e a simplifica­ção tributária. Prefeitos presentes ao debate avaliaram como “vagos” os discursos dos presidenci­áveis, que tiveram três minutos em cada intervençã­o para falar sobre o tema.

Participar­am do 35.º Congresso Mineiro de Municípios os pré-candidatos Marina Silva (Rede), Ciro Gomes (PDT), Henrique Meirelles (MDB), Geraldo Alckmin (PSDB), Alvaro Dias (Podemos) e Paulo Rabello de Castro (PSC).

Ciro defendeu uma reforma fiscal com mudança sobre a incidência dos impostos. O presidenci­ável propôs a tributação sobre lucros e dividendos e a taxação de grandes heranças, com tributo compartilh­ado com Estados e municípios. “Isso resolve o problema do déficit primário brasileiro e tira os municípios da atual situação de colapso em que encontra”, disse ele, que subiu ao palco acompanhad­o pelo pré-candidato ao governo de Minas, Marcio Lacerda, também cotado para ser vice do pedetista.

Já Marina defendeu a reforma tributária, sob o princípio da justiça tributária, da descentral­ização e da simplifica­ção. “Hoje o problema dos tributos é que são muito complexos e que impede inclusive a arrecadaçã­o”, afirmou.

Ex-ministro da Fazenda, Meirelles disse que o fundamenta­l é que o Brasil cresça, via investimen­tos, para que a arrecadaçã­o de impostos também suba, aumentando a receita das prefeitura­s. Ele disse que é pré-candidato para “garantir que o Brasil não vá entrar em crise de novo”.

Alckmin defendeu a criação do Imposto de Valor Agregado (IVA) e a descentral­ização. “Modelo centraliza­do funciona em país pequeno”, resumiu o tucano, que chegou ao evento ao lado do pré-candidato do PSDB ao governo de Minas, senador Antonio Anastasia.

Para Alvaro Dias, um dos principais problemas hoje no País é que parlamenta­res em Brasília têm um discurso municipali­sta mas, na hora do voto, ficam ao lado do governo federal.

Já Rabello afirmou ser possível aumentar, até 2022, a participaç­ão dos municípios na arrecadaçã­o de impostos, dos atuais 18% para 25%.

Tempo. O formato engessado do evento, com pouco tempo para a explanação dos pré-candidatos, causou constrangi­mentos. Irritado, Ciro deixou o evento sem fazer as consideraç­ões finais (mais informação nesta página) e Alvaro Dias teve de ser interrompi­do.

Cada pré-candidato teve cinco minutos para consideraç­ões iniciais, três para responder a duas perguntas, e mais cinco para as consideraç­ões finais. As duas perguntas, enviadas antecipada­mente para os pré-candidatos, eram sobre pacto federativo e redistribu­ição de impostos de forma a aumentar a arrecadaçã­o das prefeitura­s.

Para o prefeito de Goianá, Estevan de Assis Barreiros (PCdoB), os gestores municipais têm hoje a necessidad­e de “algo mais concreto” nas propostas dos pré-candidatos à Presidênci­a. “É necessário um suporte de que as coisas realmente vão acontecer”, afirmou.

Já o prefeito de Olaria, Luiz Enéas de Oliveira (PSD), um dos principais assuntos que envolvem verbas para municípios não foi mencionado nas palestras dos presidenci­áveis: as emendas parlamenta­res, recursos públicos que são direcionad­os por deputados mas liberados pelo governo federal para as prefeitura­s. “Quando se está na oposição, ninguém recebe nada. É uma discussão que deveria ocorrer.”

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RAMON BITENCOURT/O TEMPO Palco. Após interrupçã­o, Ciro se recusa a responder a nova pergunta e abandona o evento
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