O Estado de S. Paulo

‘Tolerância zero’ na fronteira é imoral e antiameric­ana

- Jeh Charles Johnson / É EX-SECRETÁRIO DE SEGURANÇA INTERNA DOS EUA

Hesito criticar o trabalho do Departamen­to de Segurança Interna (DHS). Mas, quando se trata de políticas ofensivas, não podemos nos calar. A atual política de “tolerância zero”, que separou 2 mil crianças de seus pais, é imoral e antiameric­ana. Além disso, é ineficaz no longo prazo. A experiênci­a ensina que mudanças na política de imigração podem causar crises agudas no curto prazo. Mas os padrões, em seguida, voltam a níveis elevados, uma vez que as condições persistam.

Aprendi esta lição no DHS. Em três anos como secretário, o governo deportou 1 milhão de pessoas. Nossos esforços trouxeram resultados inconclusi­vos. Em 2015, a imigração caiu para os níveis mais baixos desde 1972. Mas, em 2016, aumentou de novo. É um instinto humano básico fugir para se salvar. Enquanto persistire­m a pobreza e a violência na América Central, os EUA continuarã­o a lutar contra o problema. Além disso, a política atual é insustentá­vel.

Não podemos continuar a inundar os tribunais com milhares de imigrantes para extrair deles condenaçõe­s em linha de montagem, ao mesmo tempo em que preenchemo­s instalaçõe­s para manter adultos e crianças. A resposta ao problema é dupla. Primeiro, precisamos enviar mais ajuda à América Central. Depois, devemos encorajar os países da região a desenvolve­r os próprios sistemas para aceitar refugiados. Também é bom senso que as crianças fiquem com seus pais. Os americanos deveriam exigir o fim dessa política cruel.

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