Ataque a imigrantes vira estratégia para vencer eleição
A investida do presidente Donald Trump no combate à imigração ilegal, separando pais e filhos que cruzam a fronteira, deverá ser a estratégia de campanha da Casa Branca para as eleições legislativas de novembro. Apesar das críticas, estrategistas republicanos lembram que os ataques aos imigrantes funcionou muito bem politicamente para Trump em 2016, quando ele ganhou votos prometendo construir um muro na fronteira com o México, o que até hoje não se concretizou.
“As pessoas não vão votar em agradecimento ao presidente”, disse Corey Lewandowski, um dos principais conselheiros políticos de Trump ao New York Times. “Se você quer motivar eleitores, você precisa dar-lhes uma razão para votar, dizendo coisas como ‘construir um muro e conter a entrada de ilegais que estão matando cidadãos americanos’.”
A estratégia tem aprovação de mais da metade dos eleitores republicanos. Segundo pesquisa da CNN, apenas 27% da população acha correta a separação dos imigrantes de seus filhos. Entre os republicanos, esse porcentual sobe para 58%. Uma sondagem do instituto Quinnipiac mostra que 55% dos republicanos apoiam a medida.
Os apoiadores de Trump afirmam que a única maneira de o Partido Republicano vencer os democratas nas urnas é focar em questões que são mais caras à sua base conservadora. “As pessoas estão emocionalmente ligadas a esta questão”, explicou Andy Surabian, estrategista republicana e ex-assessora de Trump. “Eu sei que isso enraivece alguns doadores (de campanha), mas essa é a realidade de como o partido é.”
Trump culpou o Partido Democrata pela brecha na lei que permite que famílias sejam separadas e voltou a apontar para a oposição, pedindo ao Congresso que faça alguma coisa para mudar a lei. “Democratas são o problema. Eles não se importam com o crime e querem que imigrantes infestem nosso país”, tuitou ontem antes de se reunir com republicanos no Congresso.
Na defesa da política de “tolerância zero” uma comentarista da Fox News chegou a afirmar que as imagens de crianças chorando em centros de detenções não eram reais. Segundo Ann Coulter, as crianças são, na verdade, “atores mirins”, cujas imagens eram veiculadas para pressionar o presidente a recuar em sua política migratória.