O Estado de S. Paulo

UE critica Itália por propor censo de ciganos

- BRUXELAS

A União Europeia declarou ontem que é ilegal expulsar cidadãos comunitári­os com base na sua etnia, em resposta à proposta do ministro do Interior da Itália, Matteo Salvini, que na segunda-feira defendeu o recenseame­nto da comunidade cigana no país para deportar os que estejam em situação ilegal.

“Fazer um recenseame­nto com base no modo de vida viola os padrões europeus e internacio­nais dos direitos humanos”, disse Dunja Mijatovic, comissária dos direitos humanos do Conselho Europeu.

Salvini foi criticado até dentro da coalizão de governo. O vice-premiê e líder do Movimento 5 Estrelas (M5S), Luigi Di Maio, afirmou que a medida é “inconstitu­cional”. “O recenseame­nto de imigrantes é inconstitu­cional, não se faz”, disse Di Maio. A proposta foi criticada também pela oposição, que disse que ela se inspira nas leis raciais aprovadas por Benito Mussolini, nos anos 30.

“A Itália retornou a 1938, ano em que cerca de 8 mil judeus italianos foram expulsos e enviados para campos de concentraç­ão nazistas”, lembrou a senadora do Partido Democrata (PD), Monica Cirinna.

Embora não existam números oficiais, de acordo com estimativa­s, entre 120 mil e 180 mil ciganos vivem na Itália. A maioria tem nacionalid­ade italiana e menores de idade correspond­em a mais da metade. O restante vem de Bulgária, Romênia e do Leste Europeu.

Reação. Salvini, líder da Liga, partido de extrema direita, é acusado de racismo pela oposição. Ontem, ele rebateu as declaraçõe­s em sua conta no Facebook. “Infelizmen­te, temos de ficar com os ciganos da nacionalid­ade italiana”, comentou o ministro, que não voltou atrás. “Se isso fosse proposto por algum político de esquerda, seria aceito, mas, como fui eu quem propôs, é racismo. Eu não vou desistir. Primeiro os italianos e sua segurança.”

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