O Estado de S. Paulo

Rumo à classifica­ção Nova vitória praticamen­te põe a Rússia nas oitavas.

O 3 a 1 sobre o Egito praticamen­te garante a seleção da casa nas oitavas de final

- Gonçalo Junior ENVIADO ESPECIAL / SÃO PETERSBURG­O

No fim da vitória da Rússia sobre o Egito por 3 a 1, em São Petersburg­o, os jogadores foram até o centro do gramado para agradecer o apoio da torcida. Aplaudiram e foram aplaudidos, num gesto típico do futebol. A distância para as arquibanca­das ainda estava grande e eles resolveram ir até a linha lateral para fortalecer essa comunhão. Depois de críticas e desconfian­ça que esfriaram o namoro pré-Copa, a seleção russa está nos braços do povo.

“Os resultados não vinham e, por isso, muita gente desconfiav­a de nós. Agora, conseguimo­s recuperar a confiança da nossa torcida. Estamos juntos nessa Copa do Mundo”, comentou o lateral Mario Fernandes, brasileiro naturaliza­do russo que foi um dos destaques do triunfo.

Com o resultado, a Rússia está praticamen­te classifica­da à próxima fase. Para a confirmaçã­o definitiva, basta que o Uruguai derrote a Arábia Saudita hoje – o resultado mais provável. Foi a equipe mais convincent­e até agora, consideran­do os gigantes e também os potenciais candidatos ao título mundial.

“Fizemos nosso dever de casa. Aprendemos com nossos erros. Nós estamos felizes por termos duas vitórias e porque estamos dando alegria para nossos torcedores”, disse o treinador Stanislav Cherchesov. Após o triunfo, o treinador contestado no início da Copa foi aplaudido pelos jornalista­s na entrevista coletiva em São Petersburg­o.

Depois de vencer os sauditas na estreia por 5 a 0, os russos mostraram novamente grande poder ofensivo. Foram oito gols em dois jogos. É o melhor ataque da Copa. Disparado. Desde 1970, quando ainda era União Soviética, a Rússia não vencia dois jogos seguidos em um Mundial. Naquela ocasião, venceu Bélgica e El Salvador na fase de grupos. Agora, triturou Arábia Saudita e Egito, de Salah.

O Egito está praticamen­te fora do Mundial. As chances de classifica­ção são remotas. O time africano precisa torcer para a Arábia Saudita vencer os uruguaios. Dessa forma, teria de tirar uma grande desvantage­m no saldo de gols na última rodada do Grupo A. Depois de jejum de 28 anos, o Egito deve cair na

primeira parte da disputa. O futebol apresentad­o ontem não o credencia a fazer contas para chegar às oitavas de final. Por isso, o técnico Héctor Cúper está na corda bamba.

“Manter o cargo não depende de mim. Se não estão contentes com o que fizemos, serei o primeiro a sair, não tenho dúvida. Temos uma partida ainda, temos de esperar até o último momento. As possibilid­ades são mínimas. Cometemos alguns erros, evidenteme­nte. Faltou aproveitar as situações de gol”, comentou o treinador.

Na força do jogo coletivo da Rússia – esse é o seu grande trunfo nas duas primeiras vitórias –, começam a surgir os destaques individuai­s. O atacante Cheryshev completou três gols em duas partidas e foi escolhido como homem do gol. “Tivemos uma grande atuação coletiva e conseguimo­s impor nosso estilo de jogo. Nós sempre acreditamo­s em nossa força.”

O time russo mostrou eficiência e simplicida­de. Os laterais avançam; os meias se aproximam dos atacantes e os volantes sabem dar o primeiro passo. A zaga é firme no jogo aéreo. Tudo nos conformes. Depois

Fizemos nosso dever de casa. Aprendemos com nossos erros. Estamos muito felizes Stanislav Cherchesov, TÉCNICO DA RÚSSIA

de um primeiro tempo morno, sem objetivida­de, a equipe da casa conseguiu três gols em menos de 20 minutos do segundo tempo, explorando a fragilidad­e da zaga do Egito. Desde o início, a equipe teve 12 jogadores – a torcida russa grita o tempo todo o nome do país e conseguiu calar as novas vuvuzelas egípcias. Os donos da casa estão de volta ao jogo.

Polêmica. O sucesso da Rússia nos primeiros jogos motivou brincadeir­as nas redes sociais, levantando a possibilid­ade de doping. Durante a entrevista coletiva ao final do jogo, um jornalista citou uma reportagem da rede de TV alemã ARD, publicada nesta semana, que trouxe novidades sobre o escândalo de manipulaçã­o e omissão de amostras de atletas russos nas últimas temporadas.

A reportagem cita o zagueiro Kambolov, pré-convocado por Cherchesov para a Copa. O treinador russo reclamou. “Essa é uma entrevista coletiva depois de um jogo. Não tem relação. Talvez uma pergunta sobre o jogo”, cobrou. E foi atendido.

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