Rio recebe ‘As Mil e Uma Noites’
Teatro, das artes, é o que tem maior capacidade imediata de reagir com vigor aos impulsos do cotidiano. Das dores do coração às injustiças da vida, o palco grita. Esta voz poderá ser ouvida na estreia de As Mil e Uma Noites, dia 29, no Oi Futuro Flamengo. É a própria história levada por Sherazade, misturada aos relatos de refugiados árabes no Rio e o Brasil de Michel Temer. Poesia e náusea. CINCO SHERAZADES A montagem é dirigida por Leandro Romano e inova sob vários aspectos. Tem 500 páginas de dramaturgia, construída a partir da obra traduzida diretamente do árabe por Mamede Mustafa Jarouche (Editora Globo), traz cinco atrizes revezando-se na pele da personagem Sherazade e não para por aí. A peça será, na verdade, 33 peças pois serão apresentações únicas: a cada sessão uma nova história. “Esse modelo que criamos mostra a urgência para Sherazade, que conta histórias porque não quer morrer, e para os refugiados árabes no Brasil”, diz. “Ambos têm a palavra e sua história como força de sobrevivência.” As Mil e Uma Noites fica em cartaz de sexta a domingo até 9 de setembro.
TEATRO INTIMISTA
O ator Clovys Torres (acima) passou por 15 cidades com Me Dá a Tua Mão, dirigida por Amir Haddad. Agora pode ser visto novamente na cidade em um lugar inusitado: a sala de um hotel nos Jardins (Pimenta Roma – Sala Orquidário), de sábado a segunda. Tudo a ver. Torres conta uma história de amor que merece a proximidade do espectador nas poucas cadeiras da sala. É fruto da pesquisa com idosos sobre vida e memória. Beleza pura. SEMPRE AS RELAÇÕES Também amor e relacionamento são os temas de A Porta da Frente, peça de Julia Spadaccini, dirigida por Marcelo Varzea, com Sandra Pêra e Roney Facchini no elenco. Mas sem lirismo, aqui é o lado ácido e jocoso da vida a dois e seus familiares, pessoas que são conflitos sobre pernas.
ELA É DOS SATYROS
Nicole Puzzi engajou-se no grupo Satyros e estreia dia 27 a peça Transex sobre o amor entre dois transexuais. Sua personagem remonta a seu próprio passado, quando fazia pornochanchadas. O espetáculo homenageia também a atriz transexual Phedra de Córdoba (1938-2016), com intervenções das atrizes Paula Cohen e Cléo de Páris.