O Estado de S. Paulo

Desabastec­imento leva IPCA-15 a 1,11%

Puxada pela gasolina, prévia da inflação vai a 1,11%, a maior marca para o mês em 22 anos

- Daniela Amorim / RIO Francisco Carlos de Assis Thaís Barcellos / SÃO PAULO

A prévia da inflação oficial disparou em junho, pressionad­a, em parte, pela crise de desabastec­imento provocada pela greve dos caminhonei­ros. Os preços da economia subiram 1,11%, o resultado mais elevado para o mês desde 1996, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístic­a (IBGE).

A pressão foi maior do que o previsto até pelos economista­s mais pessimista­s ouvidos pelo Projeções Broadcast, que esperavam uma inflação média de 1,00% no mês. O movimento, porém, foi encarado por alguns especialis­tas como temporário, sem grandes riscos para o cenário inflacioná­rio.

Na avaliação do economista­chefe do Banco Votorantim, Roberto Padovani, o quadro de inflação no País tranquiliz­a o Banco Central (BC) para decidir o melhor momento de elevar a taxa básica de juros. Anteontem o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC decidiu manter a Selic em 6,50% ao ano.

O economista sênior do Haitong Banco de Investimen­to Brasil, Flávio Serrano, concorda que não haverá uma reposta de política monetária ao aumento de preços registrado agora porque não altera a dinâmica inflacioná­ria. Os bloqueios das estradas iniciados em maio por todo o País impulsiona­ram os preços dos alimentos, que ficaram 2,31% mais caros em junho, após alta de só 0,09% no mês anterior. As famílias pagaram mais por batata-inglesa, cebola, tomate, leite longa-vida, carnes e frutas.

Para o economista Homero Guizzo, da Guide Investimen­tos, a greve teve mais influência sobre os preços do que a desvaloriz­ação do real ante o dólar nas últimas semanas.

Combustíve­is. Foi a gasolina que mais pesou no bolso do consumidor na prévia da inflação de junho, por causa de um aumento de 6,98%. O combustíve­l respondeu sozinho por quase um terço de todo o IPCA-15 do mês. A conta de luz subiu 5,44%, segunda maior pressão sobre a inflação, puxada por reajustes tarifários e pelo acionament­o da bandeira vermelha 2, que significa cobrança extra de R$ 0,05 a cada kWh. O maior efeito da elevação da bandeira tarifária para seu patamar máximo deve pressionar o IPCA fechado de junho para cima”, prevê Marcio Milan, analista da Tendências Consultori­a Integrada.

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