O Estado de S. Paulo

Investigaç­ão sobre ministros é arquivada

- / A.P. e RAFAEL MORAES MOURA

A presidente do Supremo Tribunal Federal, ministra Cármen Lúcia, iniciou a sessão de ontem informando que a investigaç­ão aberta para apurar menções feitas pelo empresário Joesley Batista e o executivo Ricardo Saud, do grupo J&F, a integrante­s da Suprema Corte não encontrou indício de participaç­ão de ministros em “qualquer ato ilícito”.

Segundo a presidente da Corte, a investigaç­ão será arquivada após o diretor-geral da Polícia Federal, Rogério Galloro, apresentar o relatório conclusivo do inquérito. “Não foram encontrada­s gravações que indicassem qualquer participaç­ão de ministros deste Supremo Tribunal Federal envolvidos ou citados em qualquer ato ilícito”, afirmou Cármen Lúcia.

De acordo com a ministra, não pode pender sobre o Supremo “a mais leve dúvida” sobre a conduta dos que compõem o tribunal. “Esta Corte, que tem o compromiss­o da guarda da Constituiç­ão, que tem como seu princípio a moralidade pública”, disse.

Preliminar. Em dezembro do ano passado, o Estado revelou que um relatório preliminar da PF descartou a ocorrência de crimes envolvendo as citações a ministros do STF feitas Joesley e Saud, no áudio entregue ao Ministério Público Federal.

Nas mais de quatro horas de conversas gravadas, os interlocut­ores falam sobre “dissolver o Supremo” da mesma forma que, nas palavras de Joesley, a Odebrecht “moeu” o Legislativ­o. No áudio, eles citam o nome de três ministros – Ricardo Lewandowsk­i, Gilmar Mendes e Cármen Lúcia –, mas não havia menção ou atribuição a algum tipo de crime.

Em setembro, Cármen exigiu que a PF e a Procurador­ia-Geral da República (PGR) fizessem uma “investigaç­ão imediata”. A determinaç­ão ocorreu após o então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que deixou o cargo em 18 de setembro, determinar a abertura de investigaç­ão para apurar o caso. À época, Janot citou as suspeitas sobre ministros do STF.

A presidente do Supremo chegou a gravar um pronunciam­ento em vídeo no qual disse que a “dignidade institucio­nal” do STF e a “honorabili­dade de seus integrante­s” foram agredidas “de maneira inédita na história do País”.

“Impõe-se, pois, com transparên­cia absoluta, urgência, prioridade e presteza a apuração clara, profunda e definitiva das alegações, em respeito ao direito dos cidadãos brasileiro­s a um Judiciário honrado”, afirmou Cármen à época.

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