Padarias viram concentração de paulistanos em jogo matutino
Muita gente que não pôde assistir à partida de ontem em casa lotou as padarias de São Paulo. Às 7 horas da manhã, muitos enfrentaram filas gigantes e se espremeram entre balcões e mesas das padocas paulistanas para assistir a uma partida repleta de tensão, mas que terminou aos gritos e aplausos.
Em uma padaria da Rua Estados Unidos, nos Jardins, zona sul, a fila das encomendas assustou. Um dos gerentes do lugar, que funciona 24 horas, afirmou que 3 mil pessoas passaram por ali – a média diária é de 5 mil. “Vendemos dois quilômetros de sanduíches”, disse.
A comerciante Telma Porto aproveitou para torcer. “Vou levar uns sanduíches para as meninas. A loja só abre às 10h, mas a gente combinou de chegar antes e assistir ao jogo aqui, para ninguém ter de sair de casa na hora da partida e não poder assistir”, afirmou, toda paramentada de verde amarelo.
As mesas e cadeiras viraram arquibancadas. Neymar não ouviu, mas foi cobrado também nos balcões da capital. Quando o árbitro holandês Bjorn Kuipers gesticulou que o camisa 10 falava demais, os frequentadores de uma abarrotada padaria na rua Haddock Lobo, na Bela Vista, foram ao delírio.
Um grupo, todos funcionários de um escritório na Avenida Paulista que foram liberados para o jogo, crucificou e depois beatificou o jogador. “Ele só cai, só se joga, só quer atenção. É mimado demais”, reclamou a supervisora de qualidade Ingrid Tomás Pessoa, de 31 anos.
A euforia do resultado final, e do segundo gol nos acréscimos, acabou tendo de se transformar em paciência para encarar a saída das padarias e a volta ao trabalho. Todo mundo tinha hora para voltar ao batente. E a fila para pagar estava enorme.