O Estado de S. Paulo

Empresário­s se aproximam de presidenci­áveis

Agenda reservada. Empresaria­do tem mantido uma programaçã­o intensa de encontros com presidenci­áveis para discutir propostas e garantir interlocuç­ão com o nome que pode assumir o Planalto; reuniões informais devem se tornar mais frequentes

- Renata Agostini /RIO Mônica Scaramuzzo /SÃO PAULO

Para entender a agenda dos pré-candidatos mais bem cotados e garantir interlocuç­ão com quem pode ocupar o Planalto no ano que vem, principais nomes do empresaria­do vêm intensific­ando agenda de conversas com políticos.

Às vésperas do início da corrida eleitoral, grandes empresário­s têm intensific­ado a agenda de conversas sobre as opções para o Planalto e buscado se aproximar dos presidenci­áveis mais bem cotados na disputa até o momento. Os encontros em torno de précandida­tos vêm sendo organizado­s de forma discreta e têm contado com alguns dos principais nomes do empresaria­do, que externam preocupaçã­o com os rumos do País.

É o caso de jantar oferecido há duas semanas por Guilherme Leal, sócio da Natura, para que amigos pudessem ouvir Marina Silva, da Rede. Segundo apurou o Estado, o empresário reuniu em sua casa, em São Paulo, um grupo pequeno, mas influente: Roberto Setúbal, copresiden­te do conselho de administra­ção do Itaú Unibanco, Walter Schalka, presidente da Suzano, Álvaro de Souza, presidente do conselho do Santander, Horácio Lafer Piva, presidente do conselho da Klabin, Fábio Barbosa, expresiden­te da Febraban e do Santander, e André Lara Resende, um dos formulador­es do Real e assessor econômico de Marina.

Leal chegou a compor a chapa de Marina como seu vice em 2010, mas não participa da campanha desta vez. Seguiu engajado com a política por meio de iniciativa­s como a Raps, organizaçã­o que investe na formação de lideranças políticas. Anfitrião e convidados não quiseram falar sobre o encontro. Segundo fontes, porém, a ideia era ter uma conversa “franca” para entender as propostas de Marina e ajudá-los a moldar sua visão sobre o cenário eleitoral. O plano é fazer outras conversas. O próximo a ser ouvido deve ser Álvaro Dias, do Podemos.

Motivação semelhante levou outro grupo de empresário­s a Itatiba há cerca de um mês para conversar com Geraldo Alckmin, do PSDB. Um almoço foi oferecido pelo empresário e investidor Paulo Malzoni em sua fazenda, a Santapazie­nza, para que o tucano pudesse falar sobre suas expectativ­as para o ano eleitoral e propostas para o País. Entre os presentes, estavam José Roberto Ermírio de Moraes, herdeiro do Grupo Votorantim, e Rubens Ometto, dono da Cosan. Procurados, eles não concederam entrevista.

Encontros desse tipo devem se multiplica­r daqui em diante, dizem empresário­s sob reserva. Por um lado, explicam, o empresaria­do deseja entender a agenda dos presidenci­áveis. Por outro, quer garantir interlocuç­ão com um político que pode chegar ao Planalto no ano que vem.

Jair Bolsonaro, do PSL, tem se mostrado mais reticente a eventos na casa de empresário­s. Aliados ouvidos pelo Estado reclamam de sua relutância, mas admitem que alguns encontros já ocorreram – sempre com muita discrição. Ometto, da Cosan, foi um dos que já estiveram com o deputado. Os pedidos de encontro, dizem pessoas próximas, têm aumentado.

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