O Estado de S. Paulo

‘Crise moral pôs todos partidos longe das ruas’

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• O manifesto de fundação do PSDB disse que o partido nascia longe das benesses oficiais, mas perto do pulsar das ruas. O partido está hoje perto disso?

O PSDB esteve mais perto do pulsar das ruas quando apoiou as medidas necessária­s para manter o real. Lembrem-se que eu ganhei a eleição e a reeleição no primeiro turno. Depois, fora do governo federal, o PSDB manteve o controle político em expressivo­s Estados, como em São Paulo. Mas é indubitáve­l que a crise político-moral que a Lava Jato desvendou levou todos os partidos para longe do pulsar das ruas.

• O PSDB está mais liberal do que antes?

O PSDB é hoje mais liberal, mas não menos socialment­e orientado.

• Na sua avaliação, por que o candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, tem um desempenho fraco nas pesquisas se comparado às pesquisas do mesmo período desde 1994?

Porque a sociedade mudou muito, os novos meios de comunicaçã­o estão à disposição do eleitorado e o momento é difícil para quem está no governo. Entretanto, é cedo para avaliar. O jogo eleitoral para o povo começa mesmo quando a televisão e o rádio entram.

• O que o PSDB deve fazer para recuperar seus eleitores e retomar militantes?

Dadas as caracterís­ticas do momento brasileiro, a mensagem, a conduta moralmente correta de quem a emite e o desempenho dos atores políticos serão essenciais.

• O que a prisão de Eduardo Azeredo significa para o PSDB?

O Eduardo está sofrendo as consequênc­ias do que hoje ocorre: o passado é julgado pela métrica do presente. Além do mais, há uma busca na mídia por “equidistân­cia”. Assim como houve um mensalão do PT, fala-se de um mensalão do PSDB mineiro, que não houve. O que houve, sim, foi caixa 2, que também está capitulado no Código. E o Eduardo teria sido beneficiár­io eleitoral, mas provavelme­nte não ator do delito. Mas para a opinião pública, é tudo “farinha do mesmo saco” e o partido paga o preço, além dele próprio, que foi condenado a 20 anos. Junto com Justiça, há também algo de vindita (vingança). Tempos bicudos.

Dadas as caracterís­ticas do momento brasileiro, a mensagem, a conduta moralmente correta de quem a emite e o desempenho dos atores políticos serão essenciais.”

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