O Estado de S. Paulo

Os fatos sobre a separação de crianças dos pais nos EUA

- HELIO GUROVITZ E-MAIL: GUROVITZ@ESTADAO.COM TWITTER: @GUROVITZ

Donald Trump pôs nos democratas a culpa pela separação de filhos dos pais na fronteira e diz que uma crise migratória sem precedente­s o forçou à intolerânc­ia. Eis os fatos:

1. A detenção de ilegais no sul dos Estados Unidos cresceu nos últimos meses em relação a 2017, mas o total anual está abaixo da média de 500 mil, registrada entre 2013 e 2016. Não há crise comparável à vivida até 2006, quando passava de 1 milhão.

2. O que aumentou foi a proporção de crianças cruzando a fronteira sozinhas ou acompanhad­as (de 10% das detenções em 2012, para 39% em 2017). É razoável supor que várias tenham sido usadas para abrir portas aos pais – até abril, ilegais acompanhad­os de menores não eram processado­s, e as famílias eram libertadas.

3. Nenhuma lei jamais obrigou o governo a processá-los. A tolerância zero foi decisão de Trump.

4. Todos sabiam que ela levaria às separações. Foi aventada por trumpistas como forma de pressão para os democratas aceitarem reformas nas leis migratória­s.

5. A separação familiar decorre de um acordo judicial de 1997, que impede crianças de ficar mais de 20 dias presas. O decreto assinado por Trump para encerrá-la não o altera.

6. A reforma em debate desmantela o asilo humanitári­o, concede permanênci­a a no máximo um terço dos 3,6 milhões de ilegais que chegaram crianças ao país e permite a detenção infantil por períodos maiores – em troca de mais recursos à guarda e ao muro na fronteira.

7. Não há prova de que o muro seja mais eficaz para deter os ilegais que as políticas adotadas desde 2006.

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