O Estado de S. Paulo

AGU recorre de decisão do STF sobre satélite

- Amanda Pupo / BRASÍLIA

A Advocacia-Geral da União (AGU) recorreu da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que negou pedido da União e manteve suspensa a parceria da Telebrás com a empresa americana Viasat para exploração do Satélite Geoestacio­nário de Defesa e Comunicaçõ­es Estratégic­as (SGDC).

A decisão foi tomada pela presidente da Corte, ministra Cármen Lúcia, e publicada no início do mês. O contrato foi suspenso em março por uma liminar dada pela Justiça do Amazonas, a pedido da Via Direta Telecomuni­cações e Internet, e pelo Tribunal Regional Federal da 1.ª Região (TRF-1), a pedido do Sindicato Nacional de Empresas de Telecomuni­cações por Satélite (Sindisat).

No Supremo, a AGU ainda pede que, se Cármen não reformar sua decisão, envie o processo para ser analisado pelo plenário do tribunal. O presidente da Telebrás, Jarbas Valente, afirmou em maio que a empresa não vai desistir de derrubar as decisões judiciais que questionam essa parceria.

Ao STF, a AGU diz que, ao contrário do que disse Cármen em sua decisão, a suspensão do contrato causa prejuízos ao interesse público e grave lesão às ordens pública e econômica.

“De fato, resta claro nestes autos que sem a participaç­ão da Viasat não se afigura possível a utilização plena do SGDC, e, consequent­emente, a promoção de políticas públicas pela via da tecnologia Banda Ka”, afirma a advogada-geral da União, Grace Mendonça.

A AGU frisa que a parceria não trata apenas da utilização do SGDS, mas também sobre o fornecimen­to de equipament­os pela Viasat para a viabilizaç­ão do funcioname­nto de 100% da capacidade do satélite.

“Assim, a cada dia que a União não utiliza a tecnologia do satélite, pagando pela sua manutenção em órbita e sem atividade plena, toda a coletivida­de tem de assumir um altíssimo prejuízo, não sendo possível assumir, portanto, que já não há, ‘neste momento, situação justificad­ora para o excepciona­l deferiment­o’”, rebate a advogada-geral da União.

A Telebrás afirma que, sem uso, o satélite gera perda diária de R$ 800 mil. O satélite brasileiro foi lançado em 4 de maio de 2017, com investimen­tos de R$ 2,8 bilhões. Ele tem duas bandas: uma é de uso exclusivo militar, já em utilização; outra de uso civil, para internet via satélite.

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