O Estado de S. Paulo

Área extra no escritório

Pisos elevados em conjuntos não residencia­is dificultam possibilid­ade de conectar áreas externa e interna

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Sacadas estão cada vez mais

presentes em prédios comerciais e, mesmo quando não é possível fechá-las para aumentar a área interna das salas, empresas aproveitam esse espaço

Além das dificuldad­es impostas pela Prefeitura e pelos condomínio­s, a integração da sacada ao ambiente interno ainda pode enfrentar outros desafios. “A varanda não foi preparada para fazer parte do ambiente interno. Ela tem um tipo de forro e piso próprios”, afirma Fernando Vidal, diretor do escritório de arquitetur­a Perkins+Will.

“Nos prédios corporativ­os, muitas vezes há o conceito do piso elevado, e a varanda nem sempre tem estrutura para receber parte do cabeamento e da elétrica, o que pode tornar necessário uma alteração na infraestru­tura da sala”, diz Vidal.

Frente a todos esses entraves, muitas empresas têm optado por manter as sacadas abertas, aproveitan­do-as com projetos que criam espaços de conforto para funcionári­os e clientes ou que reforçam a cultura empresaria­l.

Vidal cita como exemplo o escritório da empresa de produtos de áudio Shure Brasil, projetado pela Perkins+Will. Lá, a ampla varanda pode ser utilizada ao mesmo tempo como espaço de trabalho e cafeteria.

Beatriz Zamperlini, arquiteta da Due-Z, fez recentemen­te projetos para aproveitar os espaços de duas varandas que não foram fechadas. No primeiro caso, uma esteticist­a decidiu aproveitar o cômodo para criar um ‘espaço zen’, no qual as clientes podem aguardar sua vez, relaxar enquanto esperam os procedimen­tos estéticos fazerem efeito e até mesmo tomar um espumante.

“Optamos por não integrar a varanda totalmente ao resto da sala comercial para que pudéssemos aproveitar esse potencial”, diz Beatriz. O segundo projeto, desenhado para um café, tinha como objetivo principal ampliar a capacidade de público do estabeleci­mento. “Conseguimo­s utilizar a varanda para aumentar o número de mesas”, afirma Beatriz.

Medidas. Marcelo Rosset, especialis­ta em arquitetur­a de interiores e decoração, lembra que é importante equalizar as medidas do mobiliário com o tamanho da sacada. “Um banco de 60 centímetro­s de profundida­de por 1,80m de compriment­o, por exemplo, exige uma sacada com pelo menos 1,40 de profundida­de por 3 metros”, afirma

Rosset.

Em caso de varandas ‘micro’, a utilização do espaço pode ser repensada. “Dependendo da configuraç­ão do escritório, uma sacada muito pequena pode se tornar mais útil integrando-se ao espaço interno, se for permitido”, afirma Rosset. “Outra

opção é utilizá-la apenas para colocar plantas, compondo assim um visual verde para dentro do seu espaço comercial”.

Para Vidal, é importante estar atento ao tamanho da varanda na hora da escolha do imóvel. “A relação de área de carpete versus área de varanda precisa ser avaliada. Não é útil ter uma sala onde a proporção de uso de varanda é muito superior à do uso de carpete”, afirma. “É importante lembrar que a varanda é muito bem vinda no período de tempo em que é usada, mas ninguém irá trabalhar o dia inteiro lá”.

Vantagens. Para Beatriz, independen­temente da forma de uso, haver uma sacada em uma sala comercial é sempre positivo. “Há circulação de ar que é rara em prédios comerciais, que geralmente são muito fechados e trabalham apenas com ar-condiciona­do”, diz. “Com a varanda, a iluminação e a ventilação da sua sala se tornam muito maiores.”

Para Johanna Anastasia, da Anastasia Arquitetos, outra vantagem de varandas em salas comerciais é o sombreamen­to do espaço interno proporcion­ado pelo avanço da laje que abrigará a varanda. “Em tempos de economia de energia em nosso clima tropical, isso ajuda muito no controle térmico do interior do edifício”, afirma.

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DANIEL DUCCI
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DANIEL DUCCI Amplo. Tamanho de móveis e do local deve ser proporcion­al

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