Qualificação para a saúde
Ferramentas permitem treinamento para estudantes e oferecem conteúdos para auxiliar na tomada de decisão na área de medicina
Com base na tecnologia,
empreendedores criam negócios para treinar residentes, atuar na atualização continuada e disseminar conhecimento para todas regiões do País
Os benefícios proporcionados pela evolução tecnológica também são aproveitados pelo segmento de formação e atualização de profissionais da área de saúde. A MedRoom, de Vinicius Gusmão e Sandro Nhaia, é um exemplo. Usando realidade virtual e estratégias de gamificação, a empresa desenvolveu produto que ajuda a melhorar o treinamento de estudantes e profissionais da saúde, reduzindo custos com aulas práticas. Mesmo em finalização, a solução é usada por duas instituições de ensino superior.
Para viajar pelo corpo de Lucy, modelo anatômico inserido no software desenvolvido pela MedRoom, os estudantes usam óculos de realidade virtual, dois joysticks e sensores. “Assim, os alunos do primeiro e segundo ano de medicina navegam pelos órgãos, veem o coração batendo, as artérias pulsando e o pulmão respirando, tudo em 3D”, diz Gusmão.
Batizado de Laboratório de Morfofisiologia, o espaço digital permite aos estudantes analisar os órgãos e entenderem a correlação entre eles. “Não temos intenção de substituir aulas teóricas e práticas, como a dissecação de cadáveres. Nosso instrumento é usado na etapa inicial do curso e permite que os alunos observem o interior de um corpo vivo.”
Gusmão diz que o melhoramento da ferramenta será contínuo. “Queremos inserir variações
anatômicas a partir de casos médicos. Estamos construindo uma ferramenta de raciocínio clínico que será incorporada ao sistema. Além de ser exploratória, como é atualmente, a ferramenta dará missão e recompensa aos usuários.”
Segundo ele, o produto proporciona imersão em anatomia e fisiologia, para que depois o aluno possa ir às aulas práticas com segurança. “O professor pode editar o conteúdo a ser acessado pelo aluno. A ferramenta também identifica o perfil do estudante e metrifica o que faz ao explorar o sistema.”
A fonte de receita da empresa vem da venda de licença anual de uso do equipamento para universidades. O serviço inclui atualização e manutenção dos equipamentos e conteúdos, além da venda da estação. Cada unidade custa R$ 85 mil.
Gusmão diz que muitas instituições estão solicitando informações sobre a solução. “Agora, estamos fazendo a adaptação do produto para comercializá-lo na América Latina. Além de traduzir para o espanhol, precisamos incluir a linguagem e cultura dos locais para os quais pretendemos vender.”
O Brasil tem cerca de 300 faculdades de medicina, com mais de 100 mil alunos matriculados. “E quando falamos da área de enfermagem, esse número quintuplica, sendo este um curso muito carente de tecnologia.” A MedRoom conta com 27 colaboradores e recebeu dois investimentos que superam R$ 1 milhão.
Acelerados. Entre 2012 e 2015, o CEO da PebMed, Bruno Lagoeiro, médico especializado em clínica médica, e dois sócios com a mesma formação – Eduardo Moura e Pedro Gemal –, chegaram a vender 20 aplicativos voltados a profissionais de saúde. “Éramos o player brasileiro com mais aplicativos à venda no
mercado”, recorda.
Ao entrarem em um programa de aceleração de empresas, perceberam que o modelo de negócio com vários aplicativos não era ideal para atender as necessidades dos médicos. “Resolvemos reunir os vários aplicativos e criamos um único produto, o Whitebook”, conta Lagoeiro.
Segundo ele, a ferramenta tem versão para celulares e
web. “Trata-se de uma solução de apoio à tomada de decisão médica. Hoje, oferecemos mais de cinco mil conteúdos, de 28 especialidades, para auxiliar os médicos, do diagnóstico à escolha do tratamento. Alunos de residência médica são beneficiados com o desenvolvimento de raciocínio clínico”, afirma.
Gusmão lembra que esse profissional precisa deter uma
série de conhecimentos e múltiplas informações. “Desde sempre os médicos utilizam livros e outros materiais para consultas. Nossa solução contribui para um desempenho mais efetivo desses profissionais.”
Segundo a empresa, o Whitebook registra 170 mil usuários ativos por mês, entre médicos e estudantes. O aplicativo apresenta uma área gratuita e outra paga por meio de assinatura. “Também oferecemos gratuitamente o Portal PebMed, com notícias e atualizações médicas, e batemos a marca de um milhão de visualizações.”
Para oferecer os serviços, a PebMed formou uma equipe de 24 funcionários fixos e 20 consultores – médicos de múltiplas especialidades, que desenvolvem o conteúdo. Uma receita futura será a venda de assinatura para hospitais. “A cobrança será com base no volume de leitos, porque também oferece conteúdo para fisioterapeutas e enfermeiros.” A empresa pretende encerrar o ano com 240 mil usuários ativos e vender para a América Latina.