O Estado de S. Paulo

Qualificaç­ão para a saúde

Ferramenta­s permitem treinament­o para estudantes e oferecem conteúdos para auxiliar na tomada de decisão na área de medicina

- Cris Olivette

Com base na tecnologia,

empreended­ores criam negócios para treinar residentes, atuar na atualizaçã­o continuada e disseminar conhecimen­to para todas regiões do País

Os benefícios proporcion­ados pela evolução tecnológic­a também são aproveitad­os pelo segmento de formação e atualizaçã­o de profission­ais da área de saúde. A MedRoom, de Vinicius Gusmão e Sandro Nhaia, é um exemplo. Usando realidade virtual e estratégia­s de gamificaçã­o, a empresa desenvolve­u produto que ajuda a melhorar o treinament­o de estudantes e profission­ais da saúde, reduzindo custos com aulas práticas. Mesmo em finalizaçã­o, a solução é usada por duas instituiçõ­es de ensino superior.

Para viajar pelo corpo de Lucy, modelo anatômico inserido no software desenvolvi­do pela MedRoom, os estudantes usam óculos de realidade virtual, dois joysticks e sensores. “Assim, os alunos do primeiro e segundo ano de medicina navegam pelos órgãos, veem o coração batendo, as artérias pulsando e o pulmão respirando, tudo em 3D”, diz Gusmão.

Batizado de Laboratóri­o de Morfofisio­logia, o espaço digital permite aos estudantes analisar os órgãos e entenderem a correlação entre eles. “Não temos intenção de substituir aulas teóricas e práticas, como a dissecação de cadáveres. Nosso instrument­o é usado na etapa inicial do curso e permite que os alunos observem o interior de um corpo vivo.”

Gusmão diz que o melhoramen­to da ferramenta será contínuo. “Queremos inserir variações

anatômicas a partir de casos médicos. Estamos construind­o uma ferramenta de raciocínio clínico que será incorporad­a ao sistema. Além de ser exploratór­ia, como é atualmente, a ferramenta dará missão e recompensa aos usuários.”

Segundo ele, o produto proporcion­a imersão em anatomia e fisiologia, para que depois o aluno possa ir às aulas práticas com segurança. “O professor pode editar o conteúdo a ser acessado pelo aluno. A ferramenta também identifica o perfil do estudante e metrifica o que faz ao explorar o sistema.”

A fonte de receita da empresa vem da venda de licença anual de uso do equipament­o para universida­des. O serviço inclui atualizaçã­o e manutenção dos equipament­os e conteúdos, além da venda da estação. Cada unidade custa R$ 85 mil.

Gusmão diz que muitas instituiçõ­es estão solicitand­o informaçõe­s sobre a solução. “Agora, estamos fazendo a adaptação do produto para comerciali­zá-lo na América Latina. Além de traduzir para o espanhol, precisamos incluir a linguagem e cultura dos locais para os quais pretendemo­s vender.”

O Brasil tem cerca de 300 faculdades de medicina, com mais de 100 mil alunos matriculad­os. “E quando falamos da área de enfermagem, esse número quintuplic­a, sendo este um curso muito carente de tecnologia.” A MedRoom conta com 27 colaborado­res e recebeu dois investimen­tos que superam R$ 1 milhão.

Acelerados. Entre 2012 e 2015, o CEO da PebMed, Bruno Lagoeiro, médico especializ­ado em clínica médica, e dois sócios com a mesma formação – Eduardo Moura e Pedro Gemal –, chegaram a vender 20 aplicativo­s voltados a profission­ais de saúde. “Éramos o player brasileiro com mais aplicativo­s à venda no

mercado”, recorda.

Ao entrarem em um programa de aceleração de empresas, perceberam que o modelo de negócio com vários aplicativo­s não era ideal para atender as necessidad­es dos médicos. “Resolvemos reunir os vários aplicativo­s e criamos um único produto, o Whitebook”, conta Lagoeiro.

Segundo ele, a ferramenta tem versão para celulares e

web. “Trata-se de uma solução de apoio à tomada de decisão médica. Hoje, oferecemos mais de cinco mil conteúdos, de 28 especialid­ades, para auxiliar os médicos, do diagnóstic­o à escolha do tratamento. Alunos de residência médica são beneficiad­os com o desenvolvi­mento de raciocínio clínico”, afirma.

Gusmão lembra que esse profission­al precisa deter uma

série de conhecimen­tos e múltiplas informaçõe­s. “Desde sempre os médicos utilizam livros e outros materiais para consultas. Nossa solução contribui para um desempenho mais efetivo desses profission­ais.”

Segundo a empresa, o Whitebook registra 170 mil usuários ativos por mês, entre médicos e estudantes. O aplicativo apresenta uma área gratuita e outra paga por meio de assinatura. “Também oferecemos gratuitame­nte o Portal PebMed, com notícias e atualizaçõ­es médicas, e batemos a marca de um milhão de visualizaç­ões.”

Para oferecer os serviços, a PebMed formou uma equipe de 24 funcionári­os fixos e 20 consultore­s – médicos de múltiplas especialid­ades, que desenvolve­m o conteúdo. Uma receita futura será a venda de assinatura para hospitais. “A cobrança será com base no volume de leitos, porque também oferece conteúdo para fisioterap­eutas e enfermeiro­s.” A empresa pretende encerrar o ano com 240 mil usuários ativos e vender para a América Latina.

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Conteúdo. Episódio de série para estudantes lembra ‘House’
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ISABELE ARAÚJO/DIVULGAÇÃO Morfologia. Laboratóri­o digital permite estudo de órgãos, segundo Gusmão (à esq.) e Nhaia
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ANDRÉ PORTUGAL/DIVULGAÇÃO PebMed. Moura, Gemal e Lagoeiro querem 240 mil usuários

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